Embora o Ibovespa tenha iniciado o pregão desta terça-feira (26) em alta, a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro aumentou as preocupações do mercado financeiro. O índice, considerado a prévia oficial da inflação, teve alta de 0,62%, bem acima do esperado pelo consenso LSEG de analistas.
O dado escancara o que tem sido o principal desafio do BC (Banco Central) nos últimos meses: o controle das pressões inflacionárias, segundo o economista Maykon Douglas. Ele esclareceu que apesar do alívio nos preços de energia elétrica, o indicador reforçou a série de pressões sobre a inflação corrente.
A aceleração inflacionária foi impulsionada principalmente pelos grupos de alimentação e bebidas, que subiram 1,34%, e transportes, com alta de 0,82%. Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, enfatiza a preocupação com a alta dos alimentos, sobretudo da carne.
“Estas [as carnes] têm tido aumentos significativos principalmente devido ao aumento da demanda chinesa, porém, o recente boicote de frigoríficos brasileiros ao Carrefour frente às falas do CEO global da empresa podem impactar ainda mais os preços”, disse Felipe.
Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, o IPCA-15 de novembro reflete um ambiente de pressão inflacionária que impacta diretamente o custo das operações financeiras para empresas e famílias.
“Esse cenário tem aumentado significativamente a procura por soluções de renegociação de dívidas, especialmente entre empresas que buscam ajustar seus fluxos de caixa e reduzir o impacto dos juros elevados. Nesse contexto, oferecer estratégias para otimizar passivos e recuperar créditos se torna ainda mais relevante para ajudar as empresas a navegarem por esse momento desafiador”, pontuou Monteiro.
IPCA-15 faz projeção de alta de 0,75% na Selic ganhar força
Felipe Vasconcellos avaliou que, diante do cenário de alta de preços, Copom (Comitê de Política Monetária” deve elevar a Selic em 0,75 p.p na próxima reunião, em dezembro. O IEPS (Índice Equus de Precificação da Selic), inteligência artifical da Equus Capital, indica 62,7% de chances disso acontecer.
Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, concorda. “Diante do dado acima do esperado, há riscos de ajustes adicionais no início de 2025 para evitar uma desancoragem das expectativas inflacionárias, especialmente se os próximos indicadores continuarem pressionados”, completou.
Já para Maykon Douglas, a alta esperada é de 0,50 p,p, “mas com riscos de que eles tenham que acelerar esse ritmo”. “Com o hiato da economia positivo, alta nos preços das proteínas e câmbio que tende a se manter elevado, o Banco Central segue com a difícil missão de reequilibrar essa conta”, justificou o economista.