Dólar atinge R$ 6 pela primeira vez na história

O movimento é uma continuação de um processo que começou nesta quarta-feira, quando a moeda chegou a subir mais de 2%

EUA
Dólar / Foto: Divulgação

O dólar atingiu R$ 6,00 pela primeira vez desde quando o real entrou em circulação, em 1994. A cotação chegou a R$ 6,001 às 11h23 desta quinta-feira (28), em alta de 1,51%. A moeda responde ao anúncio das medidas de corte de gastos e de isenção do IR (imposto de renda) para pessoas que ganham menos de R$ 5 mil por mês.

O movimento é uma continuação de um processo que começou nesta quarta-feira (27), quando a moeda chegou a subir mais de 2%, após anúncio oficial do pacote de cortes de gastos.

As mudanças decepcionaram o mercado, que esperava um corte mais robusto e vê com maus olhos o anúncio de isenções “em um momento que exigia cortes e ajustes fiscais”, afirmou João Kepler, CEO da Equity Fund Group.

As desconfianças sobre a capacidade do governo de implementar as mudanças e os temores com inflação e escalada dos juros estão fazendo com que mais dólares voltem para outros países, o que causa a disparada da moeda, explica Daniel Teles, analista da Valor Investimentos. “Há um aumento de percepção do risco Brasil“, resume.

Alta reflete ceticismo com política fiscal

dólar comercial opera em forte alta nesta quinta-feira (28), um dia após o anúncio do pacote fiscal feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Às 12h, a moeda atingiu pela primeira vez na história o valor de R$ 6.

Segundo especialistas consultados pelo BP Money, a disparada da moeda é reflexo da insatisfação do mercado com as propostas da equipe econômica.

Na avaliação de João Kepler, CEO da Equity Fund Group, além de o pacote fiscal ter sido “insuficiente”, o governo errou ao anunciar isenções tributárias “em um momento que exigia cortes e ajustes fiscais”.

O especialista faz referência à decisão de isentar o Imposto de Renda (IR) para os que ganham até R$ 5 mil e compensar com um IR mínimo de 10% para os que ganham acima de R$ 50 mil. Além disso, o governo pretende levar para o Congresso a proposta de taxação de super-ricos e de dividendos, hoje isentos de tributação.

“Sem medidas claras que reforcem o compromisso com o equilíbrio fiscal e que gerem confiança, a tendência é que o mercado continue a precificar um cenário de risco elevado, o que torna ainda mais desafiadora a recuperação econômica das empresas no país”, disse Kepler.