Contenção de gastos

Pacote fiscal: má qualidade aumenta desconfiança do mercado, diz UBS

Apesar do pacote prever uma economia de cerca de R$ 70 bilhões, o UBS destaca que o pacote trouxe mudanças consideradas tímidas no BPC

Isenção de IR
Foto: Freepik

O recente anúncio do pacote fiscal, aliado à isenção de IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, agravou a percepção de risco fiscal do mercado e ampliou a desconfiança sobre o comprometimento do governo em ajustar as contas públicas. Essa é a avaliação do economista-chefe do UBS BB, Alexandre de Ázara.

Apesar de a proposta prever uma economia de cerca de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026, o UBS destaca que o pacote trouxe mudanças consideradas tímidas no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e uma transição muito gradual nas alterações do abono salarial, frustrando as expectativas de um ajuste mais robusto.

“Pareceu um esforço envergonhado, quando deveria ser algo que realmente abraçasse o ajuste fiscal”, afirmou Ázara ao Valor. Ele também criticou o anúncio simultâneo da isenção do IR, considerando a estratégia uma “tática ruim” que evidenciou a prioridade do governo em adotar medidas que não regulam as contas públicas de forma eficiente.

“O pacote combinado foi ruim, com medidas aquém do esperado e uma isenção tributária que, na melhor das hipóteses, ainda é expansionista no curto prazo”, concluiu o economista.

Abras defende que pacote fiscal trouxe medidas positivas

A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) teceu sua avaliação sobre o pacote fiscal anunciado pelo governo na quarta-feira (28) e disse ver as medidas como positivas.

O destaque, segundo a Abras, foi a isenção do Imposto de Renda para rendimentos mensais de até R$ 5 mil.

Junto a isso, a decisão do governo em vincular ajuste das contas públicas à ampliação do conceito da nova Cesta Básica Nacional de Alimentos também foi bem recebida.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, garantiu que não haverá restrição na lista de alimentos da Cesta Básica Nacional totalmente livre de tributos e seguirá incluindo a carne como item isento de impostos.

Essa é uma conquista importante para os consumidores, “pois reverte a tendência histórica de aumento da carga tributária sobre a população”, consta em nota da Associação, segundo a “CNN Brasil”.