Os juros futuros dispararam 0,4 p.p (ponto percentual) no pregão desta quinta-feira (28), em meio à reprecificação do risco fiscal após a decepção do mercado com as medidas de contenção de despesas do governo, que foram anunciadas juntamente com a ampliação da isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
No final da sessão, a taxa do contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento em janeiro de 2026 avançou de 13,55% para 13,91%; a do DI de janeiro de 2027 disparou de 13,66% para 14,04%; já a do DI de janeiro de 2029 foi de 13,485% para 13,91%; e a do DI de janeiro de 2031 cresceu de 13,33% para 13,75%.
O movimento de abertura da curva foi mais expressivo nos vencimentos de longo prazo, que melhor refletem o prêmio de risco precificado pelo mercado, à medida que as taxas mais curtas sofrem maior influência das perspectivas para a política monetária. Por exemplo, as taxas de títulos com vencimento em 2029 superaram as máximas alcançadas em novembro de 2022.
Já na parte curta da curva, os vencimentos indicam uma Selic (taxa básica de juros) ao redor de 14,75% no fim do ciclo de aperto monetário promovido pelo BC (Banco Central). Vale lembrar que o mercado tem precificado, com cada vez mais força, a possibilidade de o Copom aumentar a taxa básica em 1 ponto percentual na reunião de dezembro.
Ações do Varejo derretem com alta dos juros futuros
Na sessão desta quarta-feira (27), as taxas de juros futuros seguem no ritmo de alta, o que está impactando negativamente as ações de setores mais sensíveis a eles, como o varejo e a construção.
Mesmo com a confirmação do governo federal de que o ministro Fernando Haddad (PT) fará na noite desta quarta-feira (27) um pronunciamento sobre o pacote fiscal, os investidores ainda não estão muito animados.
Dentre os papéis que formam o Ibovespa, as maiores quedas dentre as construtoras foram da MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3), derretendo 4,08% e 3,75%, por volta de 13h47.