Questionado sobre a disparada do dólar após anúncio do pacote fiscal, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse a jornalistas que a equipe econômica explicaria as medidas para o mercado. Na quinta-feira (28), o dólar renovou a máxima histórica ao atingir R$ 6.
“Vai baixar. É dialogar com o mercado. A equipe econômica vai conversar”, disse o ministro da Casa Civil.
Rui frisou ainda que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está comprometido com a responsabilidade fiscal. “Quem apostar contra o Brasil vai perder, porque não vamos brincar de política econômica”, disse ele.
Perguntado sobre a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, o ministro disse não acreditar que esse tenha sido o motivo da disparada do dólar. Segundo ele, a alta da moeda foi reflexo do feriado de Ação de Graças nos EUA, quando as Bolsas permaneceram fechadas.
“O chamado mercado não é composto de pessoas desinformadas, de pessoas que se influenciam pelas manchetes. Tem assessoria técnica, muita gente trabalhando para eles, e conhecem as medidas. Essa medida não é nova, essa medida fez parte da campanha eleitoral do presidente”, declarou Rui Costa.
Dólar quase R$ 6: exportadores ganham, mas danos se alastram na Bolsa
O mercado financeiro brasileiro viveu momentos históricos na quinta-feira (28), quando o dólar bateu a marca inédita de R$ 6. O número foi mais um no quadro quase inteiramente vermelho que se tornou o Ibovespa na sessão, menos pelos papéis de exportadores, que tendem a ser aqueles a ganhar nesse cenário.
O recorde do dólar, que é extremamente negativo para a economia nacional, reflete a corrosão do resquício de confiança que os investidores tinham no compromisso do governo em criar uma limitação para o crescimento das despesas.
O analista de ações da Skopos Investimentos, Pietro Tortoreli, explicou ser difícil, no momento, visualizar gatilhos positivos ou alguma valorização expressiva do real até o final do ano.
“Nesse sentido, uma característica importante das empresas exportadoras é a proteção a eventuais desvalorizações da moeda, visto que estas possuem receita dolarizada”, afirmou.
Companhias como a Vale (VALE3), Suzano (SUZB4) e Klabin (KLBN4), cujos produtos são cotados e negociados em dólar, deverão ser os beneficiários do ritmo imposto ao câmbio, “oferecendo certa proteção aos investidores”.
Já na visão de Jeff Patzlaff, especialista em mercado de capitais e Planejador Financeiro CFP, uma exposição a setores como o Agro (que se beneficia do dólar mais alto), neste momento pode permitir lucros adicionais nas carteiras.