"Desarranjo institucional"

Maioria do STF mantém decisão de liberar emendas parlamentares

Dino enfatizou que tanto a origem das indicações quanto o destino final dos recursos devem ser devidamente documentados

Ministro Flávio Dino define regras de transparência para o fim do orçamento secreto (Foto: Gustavo Moreno) /STF
Ministro Flávio Dino define regras de transparência para o fim do orçamento secreto (Foto: Gustavo Moreno) /STF

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino, autorizou, na última segunda-feira (2), a retomada do pagamento das emendas parlamentares, que estavam suspensas desde agosto.  

Na decisão que havia interrompido os repasses, Dino exigiu que o Congresso criasse normas para melhorar o controle e a fiscalização do uso dos recursos provenientes do Orçamento federal.  

Ao revogar a suspensão, o ministro impôs condições específicas para cada categoria de emendas, destacando que os repasses precisam seguir critérios rigorosos de transparência e rastreabilidade.

A autoridade enfatizou que tanto a origem das indicações quanto o destino final dos recursos devem ser devidamente documentados e monitorados.

Decisão de Flávio Dino

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, determinou a retomada dos pagamentos das emendas parlamentares, que haviam sido suspensos desde agosto. A decisão restabelece a execução das três categorias de emendas impositivas, as quais o governo federal tem obrigação de cumprir:

  1. Emendas individuais de transferência especial (“emendas PIX”): Nessas, cada parlamentar dispõe de uma cota anual para destinar recursos diretamente, sem necessidade de especificar o uso ou o destinatário final.
  2. Emendas individuais com finalidade definida: Diferentemente das “emendas PIX”, esses recursos chegam ao destino com uma finalidade específica já estabelecida.
  3. Emendas de bancadas estaduais: Deputados e senadores de cada estado deliberam coletivamente sobre a alocação desses recursos.

Dino destacou que, ao liberar os repasses, tanto o Legislativo quanto o Executivo devem observar rigorosamente os princípios constitucionais e legais. A decisão vem após a aprovação, em novembro, de uma lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que buscava aumentar a transparência no uso das emendas e atender às exigências feitas pelo STF para restabelecer os pagamentos.

Por que e quando o STF suspendeu os pagamentos?

Os repasses das emendas parlamentares foram suspensos em agosto por decisão do ministro Flávio Dino, após questionamentos no STF sobre a falta de transparência na destinação e uso dos recursos. Posteriormente, o plenário do Supremo confirmou a decisão individual de Dino.

Durante o período de bloqueio, apenas emendas destinadas a obras em andamento ou para atender situações de calamidade pública foram liberadas.

Dino enfatizou a gravidade do cenário ao afirmar: “É evidente que nunca houve um desarranjo institucional tão significativo com tanto dinheiro público em tão pouco tempo. Entre 2019 e 2024, as emendas parlamentares somaram R$ 186,3 bilhões.”

A suspensão gerou meses de discussões entre representantes dos Três Poderes, que buscaram alternativas para destravar os repasses.

Nessas reuniões, o STF reiterou a necessidade de que o Executivo e o Legislativo seguissem regras de transparência e publicidade já estabelecidas em 2022, durante a gestão da ministra Rosa Weber.

A liberação atual das emendas reflete um esforço para equilibrar a aplicação dos recursos com maior controle e transparência, respeitando as diretrizes fixadas pelo Supremo.