Com cenário de risco interno e externo

FDC: Brasil pode passar por estagflação

O termo significa uma situação rara em que o crescimento se torna lento ou para e a inflação fica descontrolada

Foto: Ibovespa/CanvaPro
Foto: Ibovespa/CanvaPro

O aumento dos riscos no cenário doméstico e global leva a uma maior preocupação com o desempenho da economia brasileira no futuro, que pode atingir até uma estagflação, avaliam especialistas da FDC (Fundação Dom Cabral). A organização fez uma avaliação de cenário, divulgada pelo “Valor Econômico”.

A “estagflação” representa uma situação incomum de crescimento lento ou estagnação da economia e descontrole da inflação. Esta é uma possibilidade para os especialistas da FDC, que projetam um cenário mais preocupante do que a maioria dos analistas têm previsto.

Entre os riscos externos mencionados pela fundação está a continuidade da guerra comercial iniciada no primeiro mandato do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Para os analistas, ela pode causar um efeito indireto no Brasil, com queda no desempenho da economia mundial e chinesa.

Trump já prometeu elevar tarifas de importação do México e Canadá para 25%, da China para 60% e dos demais países para 10%. Essas políticas e as consequentes retaliações dos países podem afetar significativamente a economia mundial, explicou o professor da FDC Carlos Primo Braga ao “Valor Econômico”.

Segundo a FDC, queda na economia chinesa pode afetar o Brasil

Outro risco citado é o desequilíbrio no setor imobiliário chinês, somado a dívidas nos governos regionais e dificuldades para incentivar o consumo doméstico no país asiático.

Altas de preços dos fertilizantes e do petróleo com as guerras no leste europeu e no Oriente Médio representam outro cenário de risco.

A possibilidade de agravamento da situação internacional, unida à falta de confiança de que o governo brasileiro vai conseguir controlar a dívida em relação ao PIB, podem afetar pesadamente o Brasil.

Mesmo que o cenário internacional não piore muito em 2025, Braga ainda vê possibilidade de estagflação. Mas, para ele, o cenário mais provável para o ano que vem é de crescimento de 2% no PIB e inflação acima da meta, cita o “Valor Econômico”.