A pesquisa “Matriz da Maturidade Empreendedora: desafios e oportunidades”, da FDC (Fundação Dom Cabral) em parceria com o fundo Estímulo, apontou que 45% dos negócios consultados são inadimplentes, como divulgou o “Valor Econômico”. Mesmo assim, 66% dos participantes estão confiantes na gestão das finanças da empresa.
Essa confiança, apesar das dívidas, mostra uma necessidade de melhor formação dos empreendedores brasileiros, já que, além de não conseguirem se organizar adequadamente, esses empresários não veem o endividamento como problema, avalia a professora do FDC Elisângela Furtado, em entrevista ao “Valor Econômico”.
Além disso, a pesquisa aponta que 57,66% dos empreendedores não têm interesse em fazer análises de mercado e 57,54% têm conhecimento insuficiente em marketing. Isso reflete a desqualificação e aumenta os riscos dos investimentos.
A pesquisa colheu 310 respostas de empreendedores em todo o Brasil no terceiro trimestre de 2024. Deles, 53,87% gerencia sua empresa sozinho; 35,48% acompanha de forma próxima as atividades dos funcionários; 94% são formalizados; e 29% têm renda mensal de R$ 5.648 a R$ 30 mil.
Na divisão por setores, 32,58% são do comércio varejista; 10,65% da alimentação e 5,16% do marketing e publicidade.
FDC: Brasil pode passar por estagflação
O aumento dos riscos no cenário doméstico e global leva a uma maior preocupação com o desempenho da economia brasileira no futuro, que pode atingir até uma estagflação, avaliam especialistas da FDC (Fundação Dom Cabral). A organização fez uma avaliação de cenário, divulgada pelo “Valor Econômico”.
A “estagflação” representa uma situação incomum de crescimento lento ou estagnação da economia e descontrole da inflação. Esta é uma possibilidade para os especialistas da FDC, que projetam um cenário mais preocupante do que a maioria dos analistas têm previsto.
Entre os riscos externos mencionados pela fundação está a continuidade da guerra comercial iniciada no primeiro mandato do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Para os analistas, ela pode causar um efeito indireto no Brasil, com queda no desempenho da economia mundial e chinesa.
Trump já prometeu elevar tarifas de importação do México e Canadá para 25%, da China para 60% e dos demais países para 10%. Essas políticas e as consequentes retaliações dos países podem afetar significativamente a economia mundial, explicou o professor da FDC Carlos Primo Braga ao “Valor Econômico”.