Câmbio

Dólar pode bater R$ 7 em cenário de dominância fiscal, diz Morgan Stanley

O Morgan Stanley citou um cenário base onde o dólar deve ficar em torno de R$ 6,30 no segundo semestre de 2025

Foto: Dólar/CanvaPro
Foto: Dólar/CanvaPro

Na avaliação do Morgan Stanley, mesmo que o dólar venha acumulando forte valorização contra o real, ainda há espaço para mais desvalorização da moeda brasileira. 

O banco norte-americano indicou que, em um ambiente de dominância fiscal – que acontece quando as contas públicas alcançam um nível em que a política monetária perde a eficácia e a alta de juros acaba alimentando a inflação – o dólar pode atingir níveis de R$ 6,70 a R$ 7,00. 

“Na ausência de medidas fiscais que aliviem as preocupações com a trajetória da dívida pública, mais prêmios de risco podem ser precificados tanto no câmbio quanto nos juros”, relatou o Morgan.

Para a estrategista Ioana Zamfir apontou que, historicamente, o desempenho do real tem alguma relação com o “carry” (carrego do diferencial de juros). 

O intervalo entre 2015 e 2016 foi uma exceção, pois na época as preocupações fiscais provocaram uma forte depreciação cambial, mesmo com os aumentos contínuos das taxas. No campo do risco riscal, algo semelhante começou a ser observado agora, segundo o “Valor”.

“Até agora, o real não conseguiu responder aos contínuos aumentos de juros”, diz Zamfir.

“Tomando o período de 2015 como ponto de referência para uma perspectiva ‘bear’ (de desvalorização) que poderia ser precificada num cenário de dominância fiscal, chegamos à leitura de que os preços podem sofrer mais ajustes [de queda]”, projetou o Morgan Stanley.

Na hipótese do real depreciar ainda mais com outras divisas, chegando a níveis observados em 2015, “seria consistente o dólar atingir algo entre R$ 6,70 e R$ 7,00, sendo níveis que sugerem que os riscos de dominância fiscal estão largamente precificados”. 

“No entanto, avaliamos que isso seria equivalente a uma queda acentuada na confiança dos investidores, e que um anúncio fiscal favorável poderia tornar-se mais suscetível de acontecer para impedir tal deterioração”, consta no relatório do banco sobre os ativos brasileiros.

O Morgan citou um cenário base onde o dólar deve ficar em torno de R$ 6,30 no segundo semestre de 2025. Em outra linha, no caso de um cenário mais otimista com o fiscal, o banco firmou o valor de R$ 5,40 como piso para a moeda americana.

Ceron: dólar alto reflete ruídos sobre pacote e cenário externo

Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, afirmou que o avanço forte do dólar por um lado reflete “ruídos internos sobre a compreensão” do pacote fiscal do governo, mas também fruto de um cenário externo mais desafiador.

Após o Tesouro divulgar os resultados das contas públicas em outubro, o secretário concedeu entrevista à imprensa. 

“Tem movimentos que são recorrentes de ruído interno sobre compreensão do pacote, mas tem também o cenário externo mais desafiador, em especial com os sinais vindo dos Estados Unidos”, disse Ceron.

Para Ceron, o risco de um quadro de inflação global maior, por conta das políticas prometidas pelo presidente eleito nos EUA, Donald Trump, é o que gera reprecificação de ativos no mundo inteiro. 

“Todas as moedas estão passando por um processo como esse”, frisou o executivo, segundo o “Valor”.