O chefe de economia do BofA (Bank of America) para o Brasil, David Beker, elogiou a última decisão monetária do ano tomada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), de aumentar a taxa Selic em um p.p (ponto percentual), durante uma conversa com jornalistas nesta quinta- feira (12) de acordo com o portal Blomberg Línea.
“Foi como tirar um coelho da cartola”, destacou Becker. O órgão agradou tanto os que pediam por um corte maior quanto para os que não viam necessidade na elevação, seguiu comentando. A decisão leva a uma sequencia de duas decisões de alta para as proximas reuniões.
Ancorando as expectativas
A postura do Copom permite uma maior previsibilidade quanto ao comportamento da inflação no médio prazo, facilitando o retorno de investimento no país.
O chefe de economia ressaltou que a medida manda um recado prático para a transição da presidência do BC (Banco Central) planejada para a virada do ano de 2024 – 2025. A decisão minimiza contratempos no processo.
As atenções se voltam agora para a aprovação do pacote de corte de gastos, que deve ser pautado pelo congresso em breve e promete mexer com os ânimos do mercado. Com uma promessa de ajuste de 70 bilhões de reais, o BofA não acredita que a medida será suficiente para equilibrar a dívida pública.
Padrões elevados no cenário externo
Apesar da aparente tranquilidade no cenário doméstico, Beker reconhece que o fluxo de investimento depende muito da conjuntura global, e os emergentes estão em desvantagem nessa disputa.
Para o especialista, a eleição de Donald Trump acende o alerta do protecionismo econômico norte americano, aumentando a inflação estadunidense e mantendo a taxa de juros mais elevadas que as previsões.
Para efeitos de comparação, a estimativa é uma redução para 4% até o final de 2025 em relação a uma taxa de 0,25% em 2022.
O BofA avalia um comportamento mais cauteloso por parte dos investidores. “O protecionismo ajuda a economia americana. Estamos bem otimistas com EUA e menos otimista com o resto do mundo”, afirma o Beker.