Para os investimentos, o ano de 2024 teve alguns destaques positivos, com ótimos desempenhos em setores como a carne bovina, aeronaves, energia e equipamentos eletrônicos, mas também houve apostas frustradas. Companhia dos setores de aluguel de caminhões, máquinas agrícolas, e transporte de cargas são exemplos.
Essas experiências mostram que o mercado pode ser uma caixa de surpresas, mesmo assim, é preciso arriscar. Por isso, alguns especialistas avaliaram o cenário para o BP Money e trouxeram suas apostas para 2025. Confira:
Oportunidades de investimentos para 2025
Para o gestor da Hike Capital Ângelo Belitardo, uma das maiores oportunidades para 2025 é o spin off da Vamos (VAMO3). A empresa vai isolar seu segmento de concessionárias do setor de aluguel de caminhões para constituir duas novas empresas.
As novas companhias vão ser a Vamos Locadora e a NEWCO (resultado da fusão entre a Vamos Concessionária e a Automob). De acordo com Belitardo, a principal oportunidade está na Vamos Locadora, com grande potencial de ganho devido ao desconto “exagerado” nas ações.
Belitardo também destaca outros mercados pouco conhecidos pelos analistas, mas com grande potencial, como o de transporte de containers, com a Santos Brasil (STBP3); distribuição de medicamentos, com a Profarma (PFRM3); e distribuição de produtos eletrônicos, com a Allied Tecnologia SA (ALLD3).
O gestor destaca que estas são empresas em crescimento, com baixo nível de dívidas e com receitas resilientes e previsíveis. “Elas vão continuar crescendo e entregando resultados bastante satisfatórios, cujo rendimento com dividendos deverá ser superior ao patamar da Selic projetado”, comenta Belitardo.
Ele também destaca empresas que podem ser favorecidas por um cenário de juros altos, como a BB Seguridade (BBSE3) e a Caixa Seguridade (CXSE3). E aquelas com rendimentos projetados superiores às projeções máximas da Selic, como a Cemig (CMIG4), que, de acordo com Belitardo, deve oferecer dividendos superiores a 15% “mesmo em um cenário onde a cotação do minério de ferro está em baixa”.
Tendências para o ano que vem
No cenário geral, o ano deve ser marcado por uma continuidade da busca por formação, com destaque para o mercado da educação; e pelo envelhecimento da população, valorizando soluções voltados para idosos, destaca o presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia), Pedro Afonso Gomes.
Outra tendência que deve permanecer é o investimento em veículos elétricos, com destaque para o estabelecimento da BYD no Brasil. Também continua o desenvolvimento do mercado de créditos de carbono, ainda que com necessidades de padronização, segundo o chairman da Holding SM, Sérvulo Mendonça.
No ramo tecnológico, destaca-se o uso de IA (inteligência artificial) para análise de crédito e previsão de inadimplência, mercado que deve se consolidar em 2025 e oferecer soluções cada vez mais acessíveis para empresas de médio porte, diz Goldwasser Neto, CEO da Accountfy, plataforma SaaS de gestão financeira.
A IA também abre espaço para aplicativos e plataformas de saúde mental digital, combinando a tecnologia com a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental). Segundo Goldwasser, esses recursos têm “potencial de crescimento explosivo”.
A sustentabilidade também continua em alta, defende Goldwasser, com destaque para a economia circular. “Novos modelos de negócio focados em reutilização e reciclagem começaram a surgir e tendem a crescer exponencialmente”, destaca.
A Agricultura vertical e o indoor farming, que trazem tecnologias para aumentar a eficiência da produção de alimentos em ambientes urbanos, também são apostas, além das opções de substitutos para o plástico tradicional, que podem ganhar força com legislações mais rígidas e maior conscientização.
As novas tecnologias de fusão nuclear, mesmo representando um mercado incipiente, trazem grandes promessas, avalia Goldwasser. “Vimos em 2024 investimentos significativos nesse setor que podem trazer resultados tangíveis a partir de 2025”, avalia.
Outros mercados que merecem atenção são aqueles que ainda não voltaram totalmente após a pandemia, destaca o especialista em mercado de capitais Idean Alves.
Entre eles estão os setores bancários e de utilidade pública, representados por empresas que ficaram para trás com a busca por novas tecnologias, mas que podem voltar em momentos de crise.
“São empresas sem dúvidas menos ‘atraentes’ do ponto de vista de retorno rápido, mas que compõem bem o portfólio, principalmente em momentos de crise; e com bom crescimento no ano contra ano, de forma geral, que o mercado deve olhar com mais carinho em 2025”, avalia o especialista.
Para Alves, outro setor que merece atenção é o varejo, que “apanhou muito nos últimos anos”, mas que precisa ser acompanhado para entender se os fundamentos continuam frágeis.