BYD trouxe centenas de chineses irregulares, diz auditora

De acordo com a auditora, a montadora de veículos se comprometeu a cumprir as leis trabalhistas brasileiras para os funcionários que continuarem no país

A BYD trouxe centenas de chineses com vistos irregulares para trabalhar na construção de sua fábrica em Camaçari (BA), disse, nesta terça-feira (7), à “Reuters”, a auditora do trabalho responsável por investigar as condições na empresa.

De acordo com a auditora, a montadora de veículos se comprometeu a cumprir as leis trabalhistas brasileiras para os funcionários que continuarem no país, após 163 dos trabalhadores de sua empreiteira, a Jinjiang, terem sido encontrados em condições análogas à escravidão em dezembro.

De acordo com Liane Durão, que liderou as investigações, todos esses trabalhadores já saíram ou estão saindo do Brasil, disse à “Reuters”. Segundo ela, um total de 500 empregados chineses foram trazidos ao Brasil, todos de maneira irregular.

Ainda, ela afirmou que a BYD vai ser multada por cada um desses trabalhadores, sem detalhar valores.

Após a descoberta do caso, a BYD divulgou um comunicado afirmando que cortou relações com a Jinjiang, que vem contestando as acusações.

BYD tem vistos para funcionários suspensos por trabalho escravo

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil suspendeu temporariamente a emissão de vistos para funcionários chineses trabalharem na construção da fábrica da BYD em Camaçari (BA), de acordo com informações da “Exame”.

Em 23 de dezembro, o MPT (Ministério Público do Trabalho) resgatou 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão.

A suspensão é válida para os vistos do tipo Vitem V, concedidos pelo Itamaraty em consulta ao Ministério da Justiça. O Itamaraty instruiu as representações diplomáticas da China a interromper a emissão desses documentos para funcionários da BYD como medida preventiva, até que a fabricante de veículos preste esclarecimentos à Justiça.

Empresa encerra contrato com construtora após denúncia exploração

Após o resgate de 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma obra em Camaçari, na Bahia, em 23 de dezembro, a BYD anunciou que decidiu rescindir o contrato com a construtora Jinjiang.

A empresa chinesa afirmou que, embora já estivesse realizando uma revisão detalhada das condições de trabalho e moradia nas últimas semanas, nenhuma medida havia sido tomada até o resgate, a notificação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e o aumento da repercussão do caso.

Problemas anteriores já indicavam precariedade nas condições dos trabalhadores resgatados. No início de dezembro, o MPT-BA recebeu denúncias sobre dois acidentes envolvendo operários chineses, um dos quais resultou na amputação de um dedo e o outro em uma fratura na perna. Esses incidentes ocorreram em dias consecutivos.

Imagens e vídeos de semanas anteriores também evidenciaram as condições insalubres no local, com trabalhadores sendo alimentados de maneira inadequada, usando banheiros sujos e enfrentando dificuldades para realizar tarefas simples, como carregar baldes.