IPCA de 2024 em 4,83%

BC vai publicar carta aberta sobre inflação nesta sexta-feira

O centro da meta para o ano passado era de 3%

BC
Fonte: BC divulgação

O BC (Banco Central) informou que vai publicar uma carta aberta com explicações sobre a inflação de 2024 acima da meta nesta sexta-feira (10), às 18h (horário de Brasília). O documento vai ser assinado pelo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e endereçado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2024 foi de 4,83%, ultrapassando o teto da meta, de 4,50%, em 0,33 ponto percentual. O centro da meta era de 3%. Esta foi a oitava vez que a inflação anual ficou acima do alvo desde o início do sistema de metas, em 1999.

A carta precisa apresentar as razões para o descumprimento; quais vão ser as medidas do BC para que a inflação fique dentro da meta; e o prazo determinado para que isso ocorra.

IPCA está dentro do esperado e não muda previsões para os juros definidos pelo BC

IPCA de dezembro subiu um pouco abaixo do previsto, mas segue dentro das expectativas e reforça o pessimismo do mercado para a economia, avaliam especialistas. A inflação fechou o ano a 4,83%, percentual acima do teto da meta, de 4,5%

“O cenário não mudou, e é de continuidade de subida de juros, nessa magnitude de 1%. Acho que veio muito em linha com a expectativa nossa e do mercado”, comenta o estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, Marcelo Bolzan.

Além disso, os números apontam para um novo pico de inflação em janeiro, avalia o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani.

O índice divulgado nesta sexta-feira (10) mostrou uma alta de 0,52% na inflação brasileira, ante estimativas do “Broadcast” de um avanço de 0,53%. A inflação cresceu em relação a novembro, quando o IPCA foi de 0,39%.

“Hoje (10 de janeiro) tem uma possibilidade das curvas de juros cederem um pouco. Como o dado veio um pouquinho abaixo, então pode ser que o mercado entenda isso como um bom número”, diz Bolzan, lembrando que, para o futuro, os números indicam uma trajetória mais pessimista.

O economista Maykon Douglas também não espera grandes mudanças. “O IPCA fechou o ano como se esperava, com qualitativo muito ruim e novamente acima da meta“, comenta. A projeção de Douglas é de que o índice feche o ano em 5,1%.

“As pressões no dólar são o principal risco nesse cenário, que dependerá bastante de temas como a política econômica nos EUA e a percepção sobre o fiscal doméstico”, explica o economista.