O CPI (Indice de preços ao consumidor dos EUA) repercutiu nessa quarta-feira (15) elevando as projeções do dólar e acima do esperado dos analistas. Com o avanço de 2,9% da base anual, ante 2,8% de estimativa, os índices que mais pressionaram foram energia e alimentos.
A preocupação agora é com a taxa de juros que o FED pode emitir com os resultados dos últimos dados da economia americana. A expectativa do mercado é que ocorra um aumento da taxa para controlar a inflação que causa desapontamento da população norte-americana
Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, explica a repercussão com complementação dos dados.
“Olhando para o core-CPI, porém, que exclui itens mais voláteis, a leitura foi mais benigna que o esperado, com a inflação desacelerando para 3,2%, ante expectativa de manutenção do ritmo de 3,3% que foi visto em novembro”, avaliou em entrevista ao BP Money.
Alívio inflacionário
Com o início de ano turbulento para as bolsas internacionais, é essencial que medidas sejam tomadas para a inflação permanecer dentro da meta de 2% e o fluxo de ativos de mercado de risco permaneça.
O cenário também traz benefício para a economia brasileira. Com a inflação controlada, o dólar tende a desvalorizar frente ao real e trazer um maior equilíbrio ao cenário monetário e fiscal, como explica Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
“A desaceleração no núcleo do CPI anual e mensal ficou levemente abaixo das expectativas do mercado, indicando que a inflação nos EUA segue controlada. O aumento moderado do CPI geral anual em relação ao mês anterior reforça a estabilidade do cenário. Esses números consolidam a percepção de que o FED pode avançar com um novo corte de juros em 2025, aliviando tensões globais”, explica.
Ainda de acordo com o especialista, o alívio na pressão inflacionária nos EUA tende a reduzir a valorização do dólar, o que pode beneficiar mercados emergentes como o Brasil.
“Apesar disso, no cenário doméstico, as condições para cortes na Selic permanecem inalteradas no curto prazo, mas os dados de hoje oferecem sinais positivos para o Banco Central”, pondera Eyng.
Em contrapartida, Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital, crê que diante da aceleração inflacionária americana, o Fed poderá reconsiderar sua política monetária.
Embora tenha iniciado cortes na taxa de juros em setembro de 2024, reduzindo-a para o intervalo atual de 4,25% a 4,5%, a inflação acima da meta de 2% pode levar o banco central a pausar novos cortes nas próximas reuniões. Este é o cenário base com o qual os investidores têm trabalhado e o grande ponto de atenção é a possibilidade de o Fed virar a mão e voltar a subir as taxas de juros”, projeta.