Consultora financeira

Grupo W1 estima captação de R$ 2 bi e faturamento milionário

Em entrevista ao BPMoney, o CEO do Grupo W1 falou sobre a expansão dos serviços da companhia e as projeções de resultados operacionais

O CEO do Grupo W1, Gabriel Mangueira / Foto: Divulgação
O CEO do Grupo W1, Gabriel Mangueira / Foto: Divulgação

O mercado brasileiro ainda guarda uma gama de oportunidades para novos negócios. Um dos maiores entre os países emergentes, no Brasil, é observada uma carência em relação à educação financeira. Foi pensando nesse nicho que o Grupo W1 trouxe sua operação ao País.

A empresa de consultoria financeira foi fundada em 2010 por executivos do mercado financeiro que atuavam na Europa, em países como Áustria, Alemanha e Hungria. O Brasil atraiu atenção pelo potencial de crescimento que o mercado representava, como explicou o CEO do Grupo W1, Gabriel Mangueira, em entrevista ao BPMoney.

Inicialmente, o modelo de negócios que a companhia exercia na Europa foi trazido ao Brasil pensando na venda independente de produtos financeiros, como seguros de vida, segundo Mangueira. 

Adaptação desse modelo, que visa o melhor atendimento ao cliente – independente do tipo de produto – foi pensado para o Brasil focando na fragilidade em relação educação financeira como uma brecha para o negócio. Hoje, depois de 14 anos, a atuação do Grupo W1 evoluiu junto com o mercado brasileiro, se tornando uma empresa de serviços financeiros com consultoria 360º, que oferece produtos personalizados aos seus clientes.

“Investimos para desenvolver uma tecnologia própria, com isso, temos hoje um software de planejamento financeiro, um aplicativo PFM (Purse of Finance Manager), no qual o cliente consegue sincronizar praticamente todas as contas de banco e corretora que ele tem e automatizar o controle financeiro dele na nossa tecnologia. Ele automatiza e centraliza tudo em um só lugar”, destacou Mangueira.

O executivo do Grupo W1 também ressaltou que a empresa iniciou sua expansão a partir de 2022 e no período de um ano firmou um crescimento de 100%. No período, o faturamento saltou de R$ 19 milhões para R$ 42 milhões e a expectativa da companhia é que 2024 tenha fechado em R$ 100 milhões.

“Isso tudo mostrou que esse caminho que fizemos de reestruturação, de investimento e tecnologia, foi um passo atrás para organizar a casa e conseguir crescer de forma exponencial. E estamos colhendo os frutos agora. Em 2024 abrimos, acredito que nos escritórios”, afirmou.

A empresa, que anteriormente afirmou que esperava fechar o ano passado tendo R$ 2 bilhões em captação, já alcançou R$ 1,8 bilhões e esperar concretizar o objetivo ainda em fevereiro.

Confira a entrevista na íntegra:

Como surgiu o Grupo W1 e como ela atua?

Nos posicionamos como uma empresa de serviço financeiro e prestamos uma consultoria especializada, modelo de consultoria 360°. A primeira coisa que fazemos é entender o perfil do cliente, os objetivos de vida e depois que vamos, de forma ainda independente, apresentando os produtos que fazem mais sentido para esse problema [do cliente]. 

Em 2019 abrimos o braço de investimento da empresa, que é uma assessoria de investimento. Em 2020 conheci a companhia, entrei para ajudar na expansão regional em Minas Gerais, já que eu sou de Belo Horizonte. Na época, eu e o fundador austríaco, que é o CEO, gostamos de trabalhar juntos e ele me convidou para subir como CEO, em 2021.

Esse projeto acabaria naquele ano, mas fizemos uma reestruturação da companhia com foco em dar maior qualidade de entrega e um investimento muito grande de tecnologia.

Investimos para desenvolver uma tecnologia própria, com isso, temos hoje um software de planejamento financeiro, um aplicativo PFM (Purse of Finance Manager), no qual o cliente consegue sincronizar praticamente todas as contas de banco e corretora que ele tem e automatizar o controle financeiro dele na nossa tecnologia. Ele automatiza e centraliza tudo em um só lugar.

Além disso, ele vai ter o atendimento dos nossos profissionais, e normalmente, no nosso ecossistema o cliente é atendido por vários profissionais. Pelo consultor financeiro, pelo assessor de investimentos, sendo empresário e tem também demanda para consultoria na pessoa jurídica, pelo consultor empresarial e se ele já quer fazer o planejamento sucessório pelo consultor patrimonial.

Estamos muito focados em expandir as nossas operações em nível nacional, que antes era muito focada no local, uma atuação mais forte na região sul, em Curitiba, Blumenal, Porto Alegre, no nordeste, Fortaleza, Recife, Salvador e no centro norte, em  Cuiabá, Ji-Paraná, Porto Alegre e outras localidades.

A empresa havia anunciado que tinha o objetivo de captar R$ 2 bilhões em 2024. Isso se concretizou? 

Hoje estamos com R$ 1,8 bilhões. Imaginamos chegar [ao resultado esperado] em dezembro, mas acredito que vai ficar um mês a mais, provavelmente no final de janeiro, ou no início de fevereiro. 

Como a empresa enxerga seu desempenho em 2024? E quais são as projeções para 2025? 

[Vejo que] 2024 foi um ano bem desafiador. Aprendemos bastante e nunca tínhamos feito uma expansão territorial em larga escala. Então foi interessante aprendermos como explorar novas regiões e com a melhor forma. 

Testamos vários modelos, testamos chegar em praças novas com escritórios grandes e estruturados, testamos testou chegar em praças novas com escritórios um pouco melhores e a temos visto que onde está a borda do mapa temos tido um sucesso bem interessante, que é onde ainda não tem tanta concorrência, onde o mercado de trabalho da carente não tem tanta oferta.

Então a nossa proposta de valor acaba sendo muito atrativa para os profissionais daquela região. Estamos um pouquinho atrás do projetado, porque imaginamos que chegaria a um resultado e estamos em quase 93% dele, mas estamos bem otimista com o mês de dezembro.

A meta do ano, se não bater os 100%, vai ser 98% ou 99%. Já para o ano que vem, temos uma expectativa de continuar crescendo mais de 100%. Internamente, estamos projetando quase 150% de crescimento novamente, mas no mínimo 100%. Então a nossa tese é essa, de pelo menos dobrar a cadeia durante provavelmente os próximos 3 anos. 

Sobre a contratação de Luiz Henrique Barbosa, como diretor na W1 Business. Quais foram as mudanças e estratégias adotadas e o que o investidor pode esperar?

O Luiz veio com a missão de desenvolver a nossa área com foco no cliente pessoa jurídica. Até o final do ano passado só atendíamos o cliente pessoa física, então vimos que dos nossos novos clientes em torno de 10% a 15% são empresários e eles tinham demanda na pessoa física.

Pensamos ‘será que eles têm também na pessoa jurídica?’, então fizemos uma pesquisa e começamos a estruturar um time para consultoria empresarial. 

O Luiz está fazendo exatamente isso, a gente está projetando um crescimento para o ano que vem, bem significativo dessa área, essa área deve entregar algo de R$ 50 milhões por ano, que é consultoria para pequenas e médias empresas. O nosso foco não são empresas que faturam um bilhão no ano, por exemplo, são empresas que faturam entre R$ 20 milhões até R$ 100 milhões.

Como o Grupo W1 pretende manter essa excelência no atendimento e seguir com o plano de dobrar esse time em 2025? 

É um conjunto de estratégias que começa pela liderança, é sobre formar com os líderes e ter uma liderança forte.

Além disso, temos uma tecnologia que garante um padrão, então o nosso software tem várias travas que meio que guiam o profissional e isso ajuda bastante. 

Unindo isso tudo, fizemos um bom processo seletivo com o nosso time de expansão, porque o nosso time tem um pouco mais de 20 contratados, fazendo um bom processo seletivo, tendo uma liderança forte usando tecnologia e fazendo treinamento, conseguimos escalar com qualidade. Nisso tem um ponto interessante, que é: cada líder tem uma responsabilidade limitada, ou seja, ele vai tomar conta de um time de 6 a 10 pessoas diretamente.

Então o ponto é que precisamos ter vários líderes, hoje temos 150 e, se eles recrutam e formam 3 pessoas, por exemplo, estamos falando de 450 novas pessoas, então esse é o modelo e o nosso conceito aqui. 

Além da expansão territorial, quais novas áreas de negócios ou serviços o Grupo W1 pode explorar em 2025?

Temos essa discussão internamente, se devemos abrir novas áreas, ou se devemos focar em melhorar e consolidar ainda mais o que já temos.

Nesse momento, a decisão tem sido de não abrir novas áreas, porque abrimos uma nova área em 2023, que é o segmento de planejamento sucessório patrimonial e abrimos uma nova área em 2024, que é a área de consultoria empresarial. 

Então vamos focar em deixar essas áreas mais maduras, crescê-las e integrá-las mais às outras áreas, que são consultoria financeira, para pessoa física e assessoria de investimento. O recado é integração e otimização em 2025.

Na sua visão, como o Grupo W1 se posicionará no mercado financeiro brasileiro nos próximos 5 anos? 

Eu enxergo que vamos ser o principal ecossistema financeiro para atender o cliente de alta e média renda, com igualdade e com escalas. O nosso conceito é o one stop shop, queremos cuidar da vida financeira, de forma 360, e atendemos esse nicho de mercado que está, inclusive, abandonado pelos bancos, pelos grandes escritórios de investimento. Porque todo mundo está focando no cliente que tem mais de um milhão de reais de investimento.

Se a pessoa tem menos de um milhão de reais investidos, normalmente ela vai para uma área muito junior, ou digital. E normalmente quem atende esse público, atende não uma carteira de 50 a 60 clientes, mas uma carteira de 1.000, 2.000 ou 5.000 clientes. Então aqui é um grande diferencial, os nossos consultores atendem uma média de 30 a 40 clientes ao mesmo tempo.

Tem algumas exceções que chegam a R$ 100 mil, mas são consultores muito experientes e que o cliente é muito fiel. E a gente atende o cliente mesmo ele tendo R$ 50 mil de investimento. Se ele consegue um aumento de R$ 10 ou R$ 20 mil reais, fizemos um ótimo atendimento. Esse é o nosso condicionamento. 

A empresa vai abraçar essa parte dos investidores que têm uma renda entre quatro e cinco salários mínimos?

Na realidade, temos uma lei de corte. Normalmente, com pessoas que têm renda baixa de R$ 5 mil reais não conseguimos fazer um trabalho tão legal, porque não sobra tanto dinheiro para fazer um pouco de planejamento. Então o nosso público ideal está entre R$ 10 e R$ 100 mil reais de renda mensal.

Muitas vezes ele ainda não investe, ou o dinheiro está na poupança, ou está com dívida, entende tudo. Tentamos multiplicar o que essa pessoa já tem, ou mostrar o caminho para ele ter as suas conquistas. 

Nosso top 3 clientes são médicos, advogados e empresários. Esse público, normalmente, tem uma renda boa, mas ele não está economizando dinheiro, não está poupando. Então mostramos para ele a importância de ter uma reserva de emergência, a importância de conter pelo menos 20% da renda, a importância de ter uma previdência privada, seguro de vida, planejar aquisição da casa própria, com carros e assim vai. 

Diga três conselhos que você daria para quem está começando a montar uma carteira de investimentos

O primeiro conselho é ter uma boa reserva de emergência. Parece muito óbvio, mas a maior parte [dos clientes] nós pensamos que não tem reserva de emergência, então esse é o primeiro conselho. 

O segundo conselho seria estabelecer de forma muito clara quais são os principais objetivos financeiros e priorizá-los.

Porque um erro que acontece muito na W1 é que os clientes chegam sem ter muito claro o que eles querem. E quando vamos ver, ele quer fazer um grande conselho, mas não sai do lugar porque não definiu um objetivo e não controlou de forma intencional para ter um objetivo.
O terceiro conselho seria ter a disciplina e a constância de seguir o planejamento financeiro. Então, no momento, no segundo passo, de definir os objetivos, depois a pessoa teria que fazer o planejamento financeiro. Na verdade, além de contratar o planejador financeiro, é preciso ter a disciplina de seguir o planejamento financeiro que foi contratado.