O Ibovespa, princpal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta segunda-feira (27) com alta de 1,97% aos 124.860,58 mil pontos. O dólar comercial caiu 0,10%, a R$ 5,91.
O Ibovespa performou como um ponto verde em meio ao mar vermelho que se tornaram os mercados globais nesta sessão. O principal destaque, sem dúvidas, foi a DeepSeek, uma nova plataforma chinesa que colocou à prova o desenvolvimento de inteligência artificial das big techs e derrubou as Bolsas norte-americanas e europeias.
O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com baixa de 0,09%, a US$ 107,37.
O Brasil não tem forte participação no setor de tecnologia, o que pode ser visto como uma das razões pelas quais não foi tão afetado pela repercussão da DeepSeek quanto as demais Bolsas globais.
A tecnologia em questão se trata de uma plataforma de software livre – ou seja, de uso colaborativo e gratuito – lançada por uma startup chinesa na semana passada. A novidade é que o modelo de IA da empresa, além de fazer rivalidade com o ChatGPT, da OpenAI, é menos custoso do que os modelos utilizados pelas empresas já estabelecidas, como a Nvidia (NVDC34).
Com isso, as big techs, que exercem forte influência sobre os índices acionários dos EUA, derreteram, com a Nvidia deixando, inclusive, o posto de maior valuation do mundo. Os investidores colocaram em cheque o potencial de investimentos que essas empresas consolidadas têm feito em inteligência artificial.
Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Top Gain e da Dom Investimentos, analisou que as Bolsas norte-americanas também sofreram com uma realização, após recordes de alta.
“A eleição do Trump acabou ajudando também ainda mais na euforia norte-americana. As expectativas de que cesse o corte de juros por lá também se soma a isso. Acho que essa movimentação logo no início do dia e essa notícia acabaram, na verdade, dando uma razão, um porquê ou um motivo para os mercados acabarem corrigindo de uma forma muito intensa”, disse.
Na análise de Correia, essas negociações políticas tem acalmado o mercado, sobretudo no setor de commodities, com o minério de ferro engatando altas por dois dias, o que favorece o Ibovespa, que funciona com grande apoio nesse segmento.
“O Trump está tentando pressionar o OPEP para eles diminuírem a cotação. Mas parece que eles não vão ceder e isso tem feito o petróleo subir bem desde então, assim como as petrolíferas da nossa bolsa por aqui”, afirmou.
Além disso, o cenário externo segue com as políticas tarifárias de Donald Trump, presidente dos EUA, no radar. O republicano havia prometido, durante a campanha eleitoral, que imporia taxas de 60% sobre as importações chinesas, mas após conversas com o presidente da China, Xi Jinping, ele tem se mostrado mais ameno com essas políticas.
Essa movimentação tem afetado o dólar, que operou novamente em queda frente ao real, visando também o recente impasse entre os EUA e a Colômbia.
Neste final de semana, Trump ameaçou impor tarifas e sanções à Colômbia para puni-la por se recusar a aceitar voos militares que transportavam deportados como parte de sua ampla repressão à imigração.
Porém, os países entraram em um acordo ainda no domingo (26), com a nação sul-americana concordando em aceitar aeronaves militares com imigrantes deportados.
Diante de todos esses fatores, o Ibovespa conseguiu anular a influência negativa da perspectiva com a economia interna, visto que o Relatório Focus apontou, pela 15ª vez consecutiva, o avanço da inflação para 5,5% este ano.
Porém, na linha negativa, a WEG (WEGE3) carregou as maiores perdas do Ibovespa, com efeito da DeepSeek. Isto porque o fato do novo modelo ser menos custoso abre incertezas com o investimento necessário para a infraestrutura de IA, área em que a empresa atua.
A Magalu (MGLU3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 10,05%. Logo atrás, Minerva (BEEF3) e Assai (ASAI3) registraram altas de 9,91% e 7,64%, respectivamente.
Já na ponta negativa, WEG (WEGE3) liderou as perdas, caindo 7,88%. Em seguida, vieram Embraer (EMBR3) e Raia Drograsil (RADL3), com perdas de 2,97% e 0,38%.
Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e bancos valorizam forte
No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram 1,11% e1,47%, respectivamente. Prio (PRIO3) valorizou 2,31%.
Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) subiu 1,75%. Gerdau (GGBR4) registrou alta de 1,08%. Usiminas (USIM5) valorizou 3,44%.
No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com alta de 2,40% e 4,09%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com valorizações de 2,48% e 1,05%, em sequência.
Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) subiu 10,05%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) avançaram 4,57%. Casas Bahia (BHIA3) valorizou 11,45%.
Índices do exterior fecharam em baixa
Os principais índices europeus tiveram desempenhos negativos nesta segunda-feira (27). O índice DAX, de Frankfurt, desvalorizou 0,45%, enquanto o CAC 40, de Paris, recuou 0,27%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,05%.
Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 1,46% e 2,97%, respectivamente. Já o Dow Jones avançou 0,65%.