Não foi só a Nvidia

Wall Street perde US$ 1 trilhão com avanço da IA chinesa

Agora, o mercado parece estar em uma encruzilhada, com incertezas em relação ao futuro da IA e seus reflexos econômicos

Foto: Frepeik
Foto: Frepeik

Os investidores dos EUA viveram quase dois anos de ganhos contínuos graças ao boom das tecnologias de inteligência artificial. No entanto, um dia de perdas significativas abalou esse cenário.

O Nasdaq 100, principal índice de tecnologia, viu uma queda de 3% na última segunda-feira (27), a maior em seis semanas, e perdeu quase US$ 1 trilhão de seu valor desde a sexta-feira (24).

O impacto foi mais dramático para a Nvidia, que registrou sua maior perda desde março de 2020, com uma redução de US$ 600 bilhões em seu valor de mercado.

Empresas de Wall Street que, inicialmente, eram vistas como beneficiárias da alta demanda por IA também sofreram, como a Constellation Energy, que viu suas ações despencarem 21%.

O auge da inteligência artificial parecia ter impulsionado os mercados a níveis históricos, com o Nasdaq 100 alcançando um aumento de 92% desde o início de 2023, somando mais de US$ 14 trilhões. 

No entanto, o evento da última segunda-feira (27) colocou tudo isso em cheque, gerando um impacto imediato no valor das ações e no otimismo dos investidores.

Agora, o mercado parece estar em uma encruzilhada, com incertezas em relação ao futuro da IA e seus reflexos econômicos. O que parecia ser uma maré de prosperidade para as empresas de tecnologia e energia, agora enfrenta desafios inesperados.

China desafia liderança dos EUA em IA

Na semana passada, o índice S&P 500 alcançou um novo recorde, impulsionado pelo entusiasmo crescente em torno da inteligência artificial (IA), especialmente após o anúncio de um investimento planejado de US$ 500 bilhões por parte da Casa Branca.

O presidente Donald Trump, ao declarar os EUA como líderes globais em IA, tocou em um ponto que poucos ousariam contestar até então.

Empresas como Nvidia, Meta, OpenAI e outras gigantes de tecnologia dos EUA dominavam o mercado com chips poderosos e desenvolvimentos de bots de última geração, elevando os ganhos em Wall Street.

No entanto, o cenário começou a mudar com o surgimento da DeepSeek, uma startup chinesa que, com sua plataforma de IA, desafiou a liderança americana.

A empresa oferece uma solução igualmente eficiente, mas com um custo muito menor e consumo de energia significativamente reduzido.

Esse movimento abalou a confiança do mercado, que estava alimentado pela ideia de que a superioridade dos EUA em IA garantiria lucros astronômicos. 

O valor investido nesse setor é tão grande que agora as empresas de IA representam 30% do S&P 500, a maior participação da história do índice. 

No entanto, essa concentração de investimentos levantou preocupações, como observou Max Gokhman, vice-presidente da Franklin Templeton Investment Solutions: “Quando as avaliações se esticam até o céu, pequenos tremores podem fazer o mercado inteiro estremecer.”