Exterior dividido

Ibovespa fecha em queda em dia de 'super quarta'; dólar cai

O Ibovespa fechou a sessão desta quarta-feira (29) com baixa de 0,50% aos 123.432,12 mil pontos; o dólar caiu, a R$ 5,86

Ibovespa / Foto: CanvaPro
Ibovespa / Foto: CanvaPro

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta quarta-feira (29) com baixa de 0,50% aos 123.432,12 mil pontos. O dólar comercial caiu 0,06%, a R$ 5,86.

A “superquarta” serviu de motor para o desempenho do Ibovespa nesta sessão. O evento se trata da decisão sobre a política monetária nos EUA e no Brasil, que gerou maior cautela no mercado financeiro ao redor do mundo.

O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com alta de 0,14%, aos 108,01.

O Fed (Federal Reserve), banco central norte-americano, foi o primeiro a anunciar sua decisão sobre as taxas de juros, seguindo o que já era esperado pelos agentes financeiros e mantendo os juros inalterados, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

Porém, justamente pela expectativa anterior, a decisão não fez muito preço nas Bolsas norte-americanas e no Ibovespa, as atenções se voltaram para a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, logo após a reunião.

“A autoridade deixou claro ainda que pode até optar pela alta de juros caso o comitê ache necessário ainda mais com Trump no poder, uma economia aquecida, inflação alta e desemprego baixo. O cenário é bem incerto e o FED deve continuar com uma posição bem cautelosa em relação aos juros e apontamentos do que pode acontecer no futuro”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

Desde a eleição do presidente Donald Trump, em novembro do ano passado, gerou-se sobre a autoridade uma apreensão de que as políticas econômicas do republicano, com taxas de importação maiores e redução de impostos (principais promessas de campanha), levem a uma aumento da inflação.

O quadro teve maiores efeitos sobre o dólar, que operou mais volátil e chegou a subir após a decisão do banco central dos EUA, mas voltou à linha vermelha e ancorou a 8ª queda consecutiva.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciará a decisão sobre a Selic (taxa básica de juros) logo após o fechamento do Ibovespa. No entanto, a decisão já está precificada pela autoridade monetária, com expectativas firmes de uma elevação de 1 ponto percentual, levando a taxa a 13,25% a.a.

Lucas Almeida afirmou que no caso do Brasil, o cenário fiscal segue incerto, “especialmente com a discussão sobre a possível taxação de fundos imobiliários e os riscos de um ajuste fiscal insuficiente para conter o avanço da dívida pública”. 

“Além disso, a inflação acima da meta e o real desvalorizado aumentam a pressão para que o Banco Central adote um tom mais duro, reforçando a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo”, reiterou.

No radar corporativo, as ações da Azul (AZUL4) performaram entre as maiores altas do Ibovespa, repercutindo a notícia de que a empresa concluiu o processo de reestruturação de dívidas,  que resultou na eliminação de US$ 1,6 bilhão em passivos e na captação de US$ 525 milhões em capital adicional.

“O forte posicionamento da Azul em mercados regionais e sua estratégia no segmento de cargas, impulsionada pelo crescimento do e-commerce, seguem como diferenciais competitivos relevantes. Além disso, a expectativa da chegada de 15 novos jatos Embraer E2 ao longo do ano reforça a confiança do mercado na eficiência operacional da empresa”, disse Almeida.

Em paralelo a isso, os ânimos estão se acalmando no que diz respeito ao “boom” da DeepSeek, nova plataforma de assistência com IA (inteligência artificial) chinesa que foi lançada na semana passada e tem mexido negativamente com os índices acionários dos EUA e também com as ações da WEG (WEGE3) no Brasil. Com isso, a empresa brasileira está se recuperando na Bolsa.

A Petz (PETZ3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 2,90%. Logo atrás, Raia Drogasil (RADL3) e Rumo (RAIL3) registraram altas de 2,14% e 1,88%, respectivamente.

Já na ponta negativa, Localiza (RENT3) liderou as perdas, caindo 3,79%. Em seguida, vieram Automobilistica (AMOB3) e Braskem (BRKM5), com perdas de 3,23% e 2,67%.

Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) divergem

No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 1,00% e 0,65%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 2,20%.

Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) subiu 0,51%. Gerdau (GGBR4) registrou baixa de 1,58%. Usiminas (USIM5) valorizou 1,13%.

No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com alta de 0,03% e baixa de 0,51%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorizações de 1,03% e 0,36%, em sequência.

Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,66%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 2,77%. Casas Bahia (BHIA3) valorizou 1,15%.

Índices do exterior fecharam opostos

Os principais índices europeus tiveram desempenhos mistos nesta quarta-feira (29). O índice DAX, de Frankfurt, valorizou 0,91%, enquanto o CAC 40, de Paris, recuou 0,32%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,47%. 

Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,47% e 0,24%, respectivamente. Já o Dow Jones caiu 0,31%.