O dólar encerrou o pregão desta sexta-feira (31) com baixa de 0,56%, a R$ 5,83, acumulando no mês de janeiro uma desvalorização de 5,56%. Diante disto, o real foi a segunda moeda que mais valorizou no mundo ante o dólar, perdendo apenas para o rublo russo, que valorizou 6,8%.
O dólar concretizou o décimo dia consecutivo em queda, em uma deterioração no mercado cambial, que vem ocorrendo desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, e as incertezas quanto às promessas protecionistas no comércio.
O real fechou o ano passado como uma das moedas que mais perdeu valor no mundo, vendo o dólar encarecer 27% no país.
A desvalorização da moeda brasileira, que já vinha acumulando perdas no ano, se fortaleceu após o anúncio do pacote de medidas fiscais do governo federal, que desagradou o mercado financeiro.
Dólar está mais para R$ 5 ou R$ 7? Cenário externo e interno pressionam real
O ano é novo, mas algumas preocupações permanecem antigas. Na primeira semana de 2025, especialistas do mercado financeiro voltam a especular sobre o rumo do dólar. Essa situação se repete, considerando que, em meados de 2024, parecia “inconcebível” que a moeda norte-americana atingisse R$ 6,00 — o que acabou acontecendo.
Atualmente, os especialistas seguem ajustando suas projeções, mas com maior cautela. Profissionais ouvidos pelo BP Money apontaram que o contexto de incertezas fiscais no Brasil, combinado com o cenário global de juros elevados, pode sim levar o dólar a R$ 7,00.
“A falta de clareza sobre a consolidação fiscal doméstica e a ausência de reformas estruturantes alimentam a percepção de risco. Em paralelo, a política monetária restritiva dos Estados Unidos mantém o dólar valorizado globalmente”, explicou o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro.
Para 2025, a percepção é de que o câmbio dependerá da capacidade do governo brasileiro de estabilizar as contas públicas e promover um ambiente mais seguro para investimentos.
“Além disso, o desequilíbrio na balança comercial brasileira, intensificado pela queda nos preços das commodities e pela redução da demanda da China, também pressiona o câmbio”, acrescentou André Matos, CEO da MA7 Negócios.
Matos também trouxe sua visão sobre o que é necessário para o mercado brasileiro evitar um cenário ainda mais desafiador: “O governo precisa investir em uma política econômica que combine responsabilidade fiscal, estímulo ao crescimento e maior previsibilidade regulatória.”
“Esse tripé ajudaria não só a conter a valorização do dólar, mas também a melhorar a competitividade da nossa economia no longo prazo”, concluiu Matos.