R$ 2,3 bilhões

Bombril pede recuperação judicial após dívida bilionária

Em nota, a empresa afirmou que vem passando por “contingências tributárias relevantes”, principalmente devido a autuações da Receita Federal

Foto: Divulgação
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A Bombril apresentou, na segunda-feira (10), um pedido de recuperação judicial, em conjunto com outras sociedades do Grupo Bombril. O pedido foi protocolado na 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária de São Paulo. As dívidas da empresa já somam R$ 2,3 bilhões.

No mesmo dia da solicitação, o Conselho de Administração da Bombril havia autorizado o pedido de recuperação judicial.

“Tal medida está sendo tomada, no melhor interesse da companhia, para conduzir, de forma organizada, um procedimento abrangente de negociação com todos os interessados para adequação de sua estrutura de endividamento”, informou a companhia em comunicado ao mercado.

Bombril diz que está passando por ‘contingências tributárias relevantes’

Em nota oficial, a empresa afirmou que vem passando por “contingências tributárias relevantes”, principalmente devido a autuações da Receita Federal por suposta ausência de recolhimento de tributos.

Esses tributos estariam relacionados a operações de aquisição de títulos de dívida estrangeiros, entre 1998 e 2001, pela Bombril e pelo grupo empresarial italiano Cragnotti Partners, controlador da empresa na época, como apurou o “Metrópole”.

A Bombril também informou que o pedido de recuperação judicial tem o objetivo de ajustar a estrutura de endividamento, assegurar a continuidade operacional das atividades e proteger o caixa da empresa.

“Com a recuperação judicial, a companhia será capaz de manter sua capacidade operacional e reestruturar adequadamente seu passivo, por meio de um processo célere e com o menor impacto possível aos direitos dos credores e às atividades operacionais”, declarou a empresa.

Recuperação judicial: ambiente no Brasil deve seguir hostil em 2025

No ano passado, o progresso da taxa de juros e a dificuldade de acesso ao crédito custaram alto para o mundo corporativo, sobretudo no caso das pequenas e médias empresas. O número de pedidos de recuperação judicial deve finalizar o ano de 2024 no maior nível histórico, e considerando o cenário econômico atual, as expectativas para o decorrer de 2025 são de estabilidade nos números, afirmaram analistas.

A estimativa da Serasa Experian, com dados mais atualizados do período de janeiro a novembro de 2024, é que o ano passado tenha encerrado com mais de 2,2 mil pedidos de recuperação judicial. O volume é cerca de 100,8% maior que o registrado em 2023.

Bruno Boris, sócio e fundador do escritório Bruno Boris Advogados, afirmou que a continuidade se deve por razões econômicas, como a já citada elevação da Selic (taxa básica de juros), que deve chegar aos inéditos 14,25% ao ano ainda no primeiro trimestre de 2025, levando as empresas a utilizarem muito crédito e se endividarem.