Diz jornal

Concentração da colheita de soja aumenta a demanda por frete

Analistas e agentes do mercado disseram que a demanda atual por transporte rodoviário é a maior já observada

concentração da colheita dificulta frete
Foto: Wenderson Araujo/Trilux/Arquivo CNA

Um atraso na colheita de soja do Centro-Oeste acabou gerando uma concentração da colheita em um curto espaço de tempo. Isto tem levado a uma alta na demanda por fretes, com cancelamentos de transportes e leilões de preços entre motoristas, como relataram tradings e transportadoras ao “Valor”.

Analistas e agentes do mercado disseram ao jornal que a demanda atual por transporte rodoviário é a maior já observada.

Isto porque em Mato Grosso, por exemplo, que é o maior produtor de soja do Brasil, o progresso da colheita foi de 28% para 82,3% da área plantada em duas semanas, considerando os números de 28 de fevereiro do Imea (Instituto Matogrossense de Economia Aplicada).

O fluxo não deve levar a uma pausa no abastecimento, mas causou cancelamentos de fretes agendados que levaram a transtornos em fevereiro, disse o diretor de logística de uma das principais tradings do país ao “Valor”.

Concentração da colheita causa cancelamento de cargas

Já que a maior parte da contratação de transporte rodoviário ocorre por meio de aplicativos, motoristas autônomos estão cancelando carregamentos que tinham combinado anteriormente para fazer transportes de última hora que oferecem mais lucros.

Esse movimento só não está descontrolado porque as relações desse tipo de transporte, entre motorista, transportador e embarcador, costumam ser de longo prazo. Dessa forma, caminhoneiros que descumprem compromissos podem deixar de ser contratados por transportadoras.

A concentração da colheita ocorre porque em janeiro algumas lavouras já estavam prontas para a colheita, mas choveu em Mato Grosso. Dessa forma, os produtores tiveram que acelerar a colheita após o fim das chuvas, para finalizá-la até o fim de fevereiro e conseguir plantar milho na janela ideal.

Esse cenário deve marcar o pico dos preços do frete em 2025, disse, ao “Valor”, Fernando Bastiani, pequisador do EsalqLog (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.