Negócios

Empresas familiares no Brasil: Desafios e caminhos para a longevidade

A importância da governança e da inovação para a sustentabilidade das empresas comandadas no modelo familiar

Foto: Freepik
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No Brasil, cerca de 90% das empresas têm perfil familiar, movimentando mais da metade do PIB e empregando mais de 75% da força de trabalho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). No entanto, dados do Banco Mundial apontam que apenas 15% dessas empresas chegam à terceira geração. Os desafios vão desde a sucessão até a profissionalização da gestão, exigindo estratégias bem estruturadas para garantir sua longevidade.

A falta de governança clara e a mistura entre vida pessoal e profissional são algumas das principais dificuldades enfrentadas.

“A profissionalização é essencial para que a empresa cresça de forma sustentável. Definir papéis, estabelecer regras e separar as finanças familiares das corporativas são passos fundamentais para evitar conflitos e garantir a perenidade do negócio”, aponta Carol Zein, empresária e sócia da Mamita, que há anos enfrenta esse desafio na prática.

Mulheres na liderança de empresas familiares

Outro aspecto que influencia o futuro desses negócios é a presença feminina na gestão. Apesar de demonstrarem habilidades excepcionais na criação e gestão de negócios, inovando e quebrando barreiras em diversos setores, as mulheres ainda enfrentam obstáculos para assumir cargos de decisão, especialmente em empresas familiares.

O número de mulheres empresárias e donas de negócios no Brasil é de aproximadamente 10,11 milhões, conforme dados de pesquisa do Sebrae, referente ao quarto trimestre de 2023, que representam cerca de 33,89% do total de donos de negócios no país.

Essa realidade vem mudando à medida que mais líderes femininas ocupam espaço na sucessão empresarial, trazendo novas perspectivas de inovação e gestão. Carol Zein exemplifica essa transição. Formada em Publicidade, iniciou sua trajetória profissional fora da empresa da família e só assumiu um papel de liderança após diversos acontecimentos que culminaram na necessidade de renovação na gestão.

“A empresa precisa se adaptar às mudanças do mercado. O equilíbrio entre tradição e inovação é o que permite o crescimento”, explica.

Pesquisas do IBGC indicam que a longevidade de empresas familiares está diretamente ligada à adoção de boas práticas de governança. Entre os fatores que contribuem para sua sustentabilidade, destacam-se:

  • Planejamento sucessório: Empresas que preparam a sucessão com antecedência e envolvem as novas gerações no processo de decisão têm mais chances de continuidade.
  • Profissionalização da gestão: Diferenciar os papéis familiares dos papéis corporativos é essencial para evitar conflitos e melhorar a tomada de decisões.
  • Inovação e adaptação ao mercado: Abertura para novas tecnologias e modelos de negócios garante maior competitividade e crescimento sustentável.

Ao combinar esses fatores, empresas familiares conseguem manter suas operações ao longo das gerações e também fortalecer sua atuação no mercado. “Os desafios são muitos, mas com uma estrutura sólida e estratégias bem definidas, é possível garantir um futuro promissor para o negócio e para a família”, conclui Carol.

A crescente participação feminina na liderança das empresas familiares contribui para uma gestão mais inovadora e estruturada e fortalece a resiliência desses negócios diante dos desafios do mercado. Combinando governança eficiente, planejamento sucessório e abertura para novas perspectivas, as mulheres têm um papel cada vez mais estratégico na construção de empresas familiares mais sólidas e preparadas para o futuro.