
As bolsas globais apresentam movimentos predominantemente negativos no início dos negócios desta sexta-feira (21). Os investidores estão atentos à última reunião de política monetária da Rússia (7h30) e a uma reunião inesperada do Banco Central da Turquia, que aumentou a taxa de juros de 44% para 46%.
O ajuste ocorreu após a lira turca atingir um nível recorde de desvalorização frente ao dólar, após a prisão de um opositor de Erdogan.
Os resultados dos outros Bancos Centrais, divulgados ontem, também impactaram o mercado. Em Nova York, há desconfiança em relação ao otimismo do presidente do Fed, Jerome Powell, enquanto no Brasil o Copom fez um ajuste mais agressivo do que o esperado.
A agenda de hoje está mais tranquila, com destaque para o discurso de John Williams, do Fed, durante uma conferência no Caribe (10h05) e a divulgação da confiança do consumidor na zona do euro (12h).
Nos EUA e no Brasil, não há eventos importantes programados. A Receita Federal pode divulgar os dados de arrecadação de fevereiro, que devem refletir um crescimento em linha com o aumento da atividade econômica.
Estimativas da pesquisa Broadcast indicam que a arrecadação federal de fevereiro pode variar entre R$ 147,2 bilhões e R$ 304,7 bilhões, com mediana de R$ 207,6 bilhões. Se confirmada, essa cifra representaria um aumento de 2,3% em relação a fevereiro de 2024.
Esse crescimento na arrecadação é um dos argumentos do governo Lula para apresentar resultados fiscais positivos, usados pelo ministro Haddad para responder às críticas do mercado.
Em entrevista à GloboNews ontem à tarde, Haddad afirmou que o bom desempenho fiscal em 2023 se deu, em grande parte, pelo pagamento das dívidas relacionadas aos precatórios do governo Bolsonaro, que totalizaram quase R$ 100 bilhões – algo que não ocorreu em 2024.
O ministro também destacou a postura fiscal responsável do governo e se disse consciente das críticas do mercado, que se refletem na pesquisa Quaest desta semana. “Não sou inimigo de ninguém, converso com todos, mas não posso me guiar apenas pelas opiniões do mercado”, afirmou.
Haddad também defendeu a reforma do imposto de renda, que ampliou a faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil, e reiterou o compromisso de tributar mais os super-ricos. “O que estamos propondo é que um superrico pague uma alíquota média semelhante à de um professor de escola pública”, afirmou o ministro.
EUA
Os futuros dos índices dos EUA estão em baixa nesta sexta-feira (21), refletindo a crescente incerteza em relação à economia global. Investidores permanecem cautelosos, preocupados com os impactos das tarifas e dos resultados corporativos no mercado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que a partir de 2 de abril, implementará tarifas recíprocas e outras medidas específicas para certos setores, aumentando os riscos para a economia mundial.
Cotação dos índices futuros dos EUA:
- Dow Jones Futuro: -0,40%
- S&P 500 Futuro: -0,39%
- Nasdaq Futuro: -0,47%
Bolsas asiáticas
Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em queda, exceto pelo índice Kospi, que registrou alta na Coreia do Sul. O Hang Seng foi o principal responsável pelas perdas, pressionado por quedas nas ações de tecnologia.
O Japão também viu seu mercado cair após o feriado, e as bolsas da China fecharam com perdas significativas. O pessimismo dos investidores foi em parte reflexo da queda em Nova York no pregão anterior, em resposta às incertezas sobre a política tarifária de Trump.
Shanghai SE (China), -1,29%
Nikkei (Japão): -0,20%
Hang Seng Index (Hong Kong): -2,19%
Kospi (Coreia do Sul): +0,23%
ASX 200 (Austrália): +0,16%
Bolsas europeias
Na Europa, os mercados também operam em território negativo, com a instabilidade econômica global ofuscando os anúncios de política monetária do Banco da Inglaterra, do Banco Nacional Suíço e do Riksbank da Suécia.
Durante uma cúpula em Bruxelas, os líderes da União Europeia debateram questões como o fornecimento de armas à Ucrânia e quem representaria o bloco nas negociações diplomáticas lideradas pelos EUA, enquanto o continente tenta definir uma estratégia para lidar com a situação no país.
FTSE 100 (Reino Unido): -0,37%
DAX (Alemanha): -0,66%
CAC 40 (França): -0,52%
FTSE MIB (Itália): -0,24%
STOXX 600: -0,61%
Ibovespa: relembre a véspera
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão da última quinta-feira (20) com baixa de 0,38%, aos 132.007,88 pontos. O dólar comercial subiu 0,50%, a R$ 5,67.
Após ter acumulado 6 sessões consecutivas em alta, o Ibovespa operou em queda, em um movimento de correção e também repercutindo as decisões do Copom e do Fed anunciadas na quarta-feira (19).
Radar corporativo
Conforme fato relevante divulgado nesta quinta-feira (20), o Bradesco (BBDC4) pagará R$ 2,3 bilhões em proventos, na forma de JCP (juros sobre o capital próprio) aos seus acionistas. O pagamento ocorrerá até 31 de outubro.
Além disso, a divulgação do token da “super cana” do empresário Eike Batista estaria sendo analisada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), de acordo com apuração do “Pipeline”.
“O assunto objeto de sua demanda está sendo analisado nesta Autarquia. A CVM não comenta casos específicos”, disse o órgão ao “Crypto Times”. Com a análise, seria possível uma oferta irregular de tokens que podem ter características de valor mobiliário.
Agenda do dia
Indicadores
▪️ 07h30 – Rússia: BC anuncia decisão de política monetária
▪️ 12h00 – Zona do euro/Comissão Europeia: índice de confiança do consumidor preliminar de março
▪️ 14h00 – EUA/Baker Hughes: poços e plataformas de petróleo em operação
Eventos
▪️ 10h05 – Bahamas: John Williams (Fed/NY) discursa em conferência
▪️ 19h00 – Fernando Haddad participa do Podcast Inteligência Ltda.
▪️ Reunião do Conselho Europeu