O otimismo com o Ibovespa está chegando ao fim, mesmo com o ciclo de alta ainda em curso, é o que indicam os cenários quantitativo e técnico, segundo Bianca Passerini e Breno Rao do PagBank. A expectativa dos analistas é que haja uma mudança do comportamento dos investidores nas próximas semanas.
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, valorizou mais de 8% no primeiro trimestre de 2025. Porém, neste início de abril, o índice já perdeu cerca de 2% desse avanço.
Só no pregão de sexta-feira (4), o Ibovespa fechou aos 127.256,00 pontos, com queda de 2,96%. Anteriormente, o índice estava em um bom patamar de 131 mil pontos, porém, cedeu à forte pressão externa, com a escalada da guerra tarifária iniciada pelos EUA.
“O Ibovespa despertou o interesse dos vendedores após alcançar novamente a região de resistência dos 130 mil pontos”, afirmam os analistas do PagBank, segundo o “Money Times”.
Além disso, segundo a equipe, caso o IBOV avance, há histórico de muita resistência na faixa dos 134 mil pontos
“O posicionamento para a próxima semana é de cautela com o mercado acionário brasileiro”, disseram.
O exterior segue no radar. Após Donald Trump anunciar uma série de tarifas recíprocas, a China decidiu retaliar o país e impôs uma taxa de 34% sobre a importação dos produtos norte-americanos.
Ibovespa tem a 4ª maior valorização global no 1TRI24
Surpreendendo o mercado brasileiro, o Ibovespa (IBOV), principal índice acionário do Brasil, consagrou uma das maiores valorizações globais no 1º trimestre de 2025. O movimento difere do que ocorreu em 2024, quando o índice registrou a pior queda entre os mercados globais.
Do início deste ano até o fechamento da sessão do dia 1º de abril, o Ibovespa valorizou +9,03%, conforme dados disponíveis no TradingView, figurando entre o top cinco maiores altas do período, no grupo dos 25 maiores índices acionários do mundo.
O bom momento do índice brasileiro o colocou à frente das Bolsas dos EUA, com os principais índices de Wall Street acumulando baixas no início do ano, em reflexo, sobretudo, ao acirramento da guerra comercial iniciada com as novas medidas tarifárias de Donald Trump desde janeiro, quando tomou posse como presidente norte-americano.
Para Felipe Uchida, sócio da Gestora Equus Capital, o que levou o Ibovespa à forte valorização no 1TRI25 foi o aumento do fluxo de capital estrangeiro, o desempenho positivo de empresas específicas e um cenário macroeconômico favorável.
“O interesse dos investidores internacionais cresceu significativamente, atraído por oportunidades no mercado brasileiro em meio a um ambiente global desafiador”, disse o executivo.
Enquanto isso, o coordenador do mestrado profissional em Controladoria e Finanças da Faculdade FIPECAFI, George Sales, destacou, além do investimento dos estrangeiros, outros pontos positivos que afetaram o mercado brasileiro.
Segundo ele, houve uma melhora no cenário externo, no quesito de perspectiva de estímulos econômicos na China, maior parceiro comercial do Brasil, o que deixou o mercado otimista – considerando também o peso da Vale (VALE3), maior mineradora do Brasil, sobre o Ibovespa, que sentiu os impactos diretos dos rumos econômicos no país asiático.
O valuation atrativo das ações brasileiras, foi outro ponto importante, disse Sales. “As ações brasileiras estavam sendo negociadas a múltiplos de preço/lucro (P/L) abaixo da média histórica, tornando-se atraentes para investidores em busca de oportunidades de valorização”, afirmou.