
Em um momento de instabilidade e expectativas divididas, a mais recente pesquisa Datafolha revelou que 55% dos brasileiros acreditam que a economia do brasileira piorou nos últimos meses.
É o maior índice de avaliação negativa desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O levantamento foi feito entre 1º e 3 de abril de 2025 e entrevistou 3.054 pessoas em 172 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Essa mudança na percepção da população ocorre em um contexto de inflação em alta, aumento do custo de vida e desconfiança generalizada, mesmo diante de indicadores oficiais que apontam avanços.
Economia brasileira: Inflação preocupa a população
O dado mais simbólico veio da inflação de fevereiro, que chegou a 1,31%, a maior taxa para o mês em mais de 20 anos. O impacto no bolso dos brasileiros tem sido direto, aumentando a sensação de perda de poder de compra e desorganizando o planejamento financeiro das famílias.
Apesar disso, a expectativa de inflação para os próximos meses melhorou levemente: 62% ainda esperam alta nos preços, mas esse número caiu em relação aos 67% registrados na última pesquisa, em dezembro.
O otimismo, mesmo que sutil, pode indicar uma pequena trégua nas preocupações com os preços — ainda que o cenário siga desafiador.
Jovens e classes mais altas lideram insatisfação
A queda mais brusca na percepção econômica veio entre quem antes considerava o país em estabilidade: essa faixa despencou de 31% para 23%.
Entre os mais críticos à condução da economia, destacam-se os jovens de 16 a 24 anos (61%), quem ganha mais de 10 salários mínimos (60%) e os que têm escolaridade até o ensino médio (60%).
Esse dado revela um ponto crucial: mesmo entre quem poderia ter mais acesso a oportunidades ou maior estabilidade, a insatisfação é evidente.
Desemprego e renda: dados Vs sentimento popular
O contraste entre os números oficiais e a percepção da população também chama atenção. Segundo o IBGE e o Caged, o mercado de trabalho mostra sinais positivos: o país criou 431 mil vagas formais no primeiro bimestre, um recorde da série histórica iniciada em 2020.
No entanto, 43% dos brasileiros acreditam que o desemprego vai aumentar, enquanto apenas 21% têm esperança de melhora.
Além disso, 37% acham que os salários terão seu poder de compra reduzido, o que mostra que a confiança na recuperação ainda é frágil.
Expectativas para o futuro
O pessimismo não se limita ao presente. Quando projetam os próximos meses, 36% acreditam que a economia brasileira vai piorar — um salto considerável frente aos 28% da pesquisa anterior.
Portanto, a incerteza também aparece nos que não veem mudanças no horizonte: 32% esperam estabilidade, e apenas 29% mantêm alguma esperança de melhora.
Dessa forma, com a sensação de futuro incerto, a população segue atenta a cada novo movimento da economia. Em suma, mesmo com avanços em alguns indicadores, a percepção econômica da população segue no vermelho.
Reconstruir a confiança será um dos maiores desafios do governo Lula nos próximos meses, especialmente diante da distância entre os dados técnicos e o que a população sente na prática.