Banqueiros ao ataque

Donald Trump: banqueiros brasileiros avaliam governo

A Brazil Conference 2025 abordou a insatisfação com Donald Trump e os efeitos de suas decisões políticas no mundo.

Foto: AFP/Reprodução

A recente Brazil Conference 2025 trouxe à tona um debate acirrado sobre o governo de Donald Trump, com líderes financeiros brasileiros expressando suas críticas sobre o impacto de suas políticas. 

O evento, organizado por alunos de Harvard e MIT, foi palco de declarações incisivas de grandes nomes do mercado financeiro.

Impacto de Donald Trump: horror econômico, geopolítico e moral

André Esteves, principal sócio do BTG Pactual, foi um dos primeiros a expressar seu desagrado pelo governo de Trump. Para ele, a situação nos Estados Unidos é um verdadeiro “horror”. 

Esteves apontou não apenas os impactos econômicos, mas também os efeitos geopolíticos e morais negativos causados pelas decisões políticas do presidente americano. “Estou achando um horror o que está acontecendo nos Estados Unidos”, declarou Esteves, destacando a natureza multifacetada do problema.

Armínio Fraga: impacto de Donald Trump e uma volta ao passado

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil, seguiu uma linha de crítica semelhante. 

Ele argumentou que muitas das ideias defendidas por Trump são ultrapassadas, remontando a períodos históricos, como o final do século XVIII e início do XIX. 

Segundo Fraga, “Trump traz assuntos que estavam resolvidos na virada do século XVIII para o XIX”. 

Para ele, essa perspectiva arcaica coloca em risco o progresso das nações e da própria ordem mundial que foi construída após a Segunda Guerra Mundial.

Impacto de Donald Trump: a perda do modelo global dos Estados Unidos

Fraga também lamentou a perda da referência global que os Estados Unidos sempre representaram. 

Ele ressaltou que o modelo de governança dos EUA foi fundamental para a construção da ordem global pós-guerra. 

No entanto, essa referência está se desintegrando diante das políticas do atual presidente. 

“Do que era a ordem global que nasceu em Breton Woods, não sobrou nada”, afirmou Fraga, deixando claro o vazio deixado pela ausência de diálogo civilizado entre as nações.

O futuro da industrialização e da economia global

Outro ponto destacado por Esteves foi a obsessão de alguns governantes pela reindustrialização das economias. 

Para ele, esse conceito de “industrialização” está ultrapassado. Ele compartilhou uma experiência pessoal em uma fazenda no Mato Grosso, onde presenciou sistemas avançados de produção agrícola, mais sofisticados do que muitas indústrias. 

Esteves defendeu que a sofisticação econômica não se limita mais à indústria pesada, mas sim à adoção de tecnologias avançadas em diversos setores.

Incertezas e disrupção no governo Trump

Jorge Paulo Lemann, um dos empresários mais influentes do Brasil e sócio do 3G Capital, também expressou sua preocupação com o cenário atual. 

Embora não tenha mencionado Trump diretamente, ele criticou a falta de estabilidade nas decisões políticas.

Lemann enfatizou que a disrupção é necessária, mas a quantidade de incertezas geradas pelas políticas de Trump torna o futuro imprevisível. 

“Acho que coisas estão muito bagunçadas para o meu gosto”, disse ele, referindo-se à situação política e econômica dos Estados Unidos.

Cenário incerto

Em resumo, a visão dos banqueiros brasileiros sobre o governo Trump é bastante crítica, com destaque para o impacto negativo nas esferas econômica, geopolítica e moral. 

A falta de estabilidade e a perda de referências globais são temas centrais nas discussões.

 Além disso, a busca pela reindustrialização e a disrupção sem planejamento geram um futuro incerto. 

O horror e a volta ao passado são, portanto, as palavras que melhor definem a percepção desses influentes líderes sobre o atual governo americano.

Este debate coloca em evidência a crescente insatisfação de líderes financeiros em relação à política externa e interna dos Estados Unidos, com reflexos que vão além da economia, afetando também a geopolítica global.