Habitos de consumo

Assaí: bets estão fazendo pessoas comprarem menos comida

Dados do BC (Banco Central) mostram que casas de apostas receberam entre R$20 bilhões e R$30 bilhões por mês de clientes entre janeiro e março de 2025

Foto: Divulgação/Assaí
Foto: Divulgação/Assaí

O presidente da rede de supermercados Assaí, Belmiro Gomes, afirmou na manhã desta terça-feira (15) que teve acesso à análises internas na qual foi possível observar queda nas vendas de comida da rede pelo aumento de gastos em apostas esportivas.

A declaração foi feita no evento anual da Abras (Associação de Supermercados). De acordo com ele, uma análise desta semana expõe uma substituição no consumo de produtos por alternativas mais baratas sem necessariamente haver uma influência do cenário econômico.

“Já passamos por outros picos de juros e dólar sem ver queda de consumo ou troca de marcas. Então algo novo deve estar acontecendo. E não é alta de desemprego, porque emprego cresce, e renda também cresceu. Também não é dívida, porque melhorou, então há algo novo acontecendo, e o que vemos é ainda um crescimento acelerado dos gastos com as bets”, disse ele.

Dados do BC (Banco Central) mostram que casas de apostas receberam entre R$20 bilhões e R$30 bilhões por mês de clientes entre janeiro e março de 2025. “Não tem como ter R$ 30 bilhões mensais e não ter impacto em consumo. Por isso em 2023 eu fui o primeiro a falar disso e fui criticado, dizendo que era desculpa por performance”, disse Gomes.

Desempenho do Assaí na bolsa

O presidente afirmou que varejistas não tem histórico de serem bem precificadas na bolsa e sofrem com juros altos: “Tem muitas variações pelo câmbio, juros, e a medida que capital muda para outro setor o varejo se desvaloriza e passa a ter um valor que não é o valor justo”.

“O valor que você vê no dia é só a soma das ações e hoje estamos nos maiores juros e aí fica difícil concorrer com a renda fixa. Então ações de varejo são muitas penalizadas na baixa, mas é valorizada na alta”, explicou

Gomes disse que a terceira maior despesa da empresa hoje é com o pagamento de taxas de intermediação das vendas a cartões. O valor fica perto de R$ 700 milhões, acima do valor gasto com energia elétrica, uma conta de R$ 600 milhões.