A China emitiu um alerta nesta segunda-feira (21) a países que estejam negociando acordos comerciais com os Estados Unidos que possam prejudicar os interesses chineses. O Ministério do Comércio chinês declarou forte oposição a qualquer nação que celebre acordos às custas da China e prometeu responder com contramedidas recíprocas caso isso ocorra.
Essa advertência ocorre em um contexto de tensões comerciais intensificadas entre China e Estados Unidos. Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas abrangentes sobre quase todos os parceiros comerciais americanos, com tarifas significativamente mais altas direcionadas especificamente à China. Em resposta, a China impôs tarifas retaliatórias sobre produtos americanos.
Enquanto isso, países como Taiwan, Japão e Coreia do Sul iniciaram negociações comerciais com os EUA, o que aumentou as preocupações de Pequim. A China enfatizou sua disposição em fortalecer a solidariedade e a coordenação com todas as partes para enfrentar desafios e se opor ao ataque unilateral.
O Ministério do Comércio chinês também criticou as tarifas dos EUA como uma forma de intimidação econômica e alertou que comprometer-se com os EUA por ganhos temporários pode sair pela culatra. Apesar de expressar abertura para o diálogo com Washington, nenhuma reunião oficial foi agendada até o momento.
O presidente Trump, por sua vez, afirmou que muitos líderes mundiais e executivos de empresas têm procurado alívio das tarifas, indicando que os EUA estão falando sério sobre corrigir décadas de abusos comerciais.
China enfrenta risco econômico com novas tarifas dos EUA
Apesar de analistas indicarem riscos de desaceleração econômica e alta na inflação dos EUA, a China também tem muito a perder em um cenário de suspensão comercial. Especialistas consultados pelo BP Money concordam com a tese de que a economia do país asiático está em xeque caso as medidas perdurem no longo prazo.
Segundo André Franco, CEO da Boost Research, a dinâmica de produção na cadeia de suprimentos globais será alterada caso o cenário perdure. “O crescimento da economia chinesa fica ameaçado por essa incerteza, e não dá pra prever quem vai ceder primeiro nessa discussão”, afirmou.
Para o executivo, é muito difícil traçar previsões para o cenário com as contradições de Trump. “Se você tiver taxas altas na China, talvez a venda comece a acontecer por meio de outros países ou endereçar direto no mercado consumidor, quem sabe até fazer é o assembly das peças na China e mandar direto para os outros países.”