Soja

Guerra comercial entre EUA e China é oportunidade para agro brasileiro

“A China agora praticamente não tem tanta negociação a ser feita com os Estados Unidos", disse especialista

Foto: Soja/CanvaPro
Foto: Soja/CanvaPro

A guerra comercial tem ocupado espaço no noticiário econômico, especialmente pelas movimentações de Donald Trump, presidente dos EUA. Como resultado, o Brasil pode estar diante de uma oportunidade para o agro do país.

Recentemente, foi anunciado que a China comprou 2,4 milhões de toneladas de soja brasileira, em meio à guerra comercial que o país tem vivido com os EUA. O volume representa quase um terço do processamento mensal chinês. Já prevendo possíveis impasses, importadores chineses realizaram compras antecipadas de soja brasileira no final de 2024. O movimentou assegurou o abastecimento e mitigou riscos associados às tensões comerciais.

Em meio às taxações, a soja dos EUA passou a ser menos competitiva no mercado asiático, incentivando a China a buscar fornecedores alternativos, como o Brasil.

“A China agora praticamente não tem tanta negociação a ser feita com os Estados Unidos. Ela [a China] é a nossa maior parceira comercial, principalmente nesse setor. Em troca de acelerar a economia e manter essa movimentação positiva, o que ela faz? Ela acaba fechando negócio conosco, que somos seus grandes parceiros comerciais”, disse Bruno Cotrim, economista da casa de análise Top Gain.

Por outro lado, o Brasil alcançou uma safra recorde de soja em 2025, estimada em mais de 170 milhões de toneladas, o que elevou a disponibilidade do produto para exportação e fortaleceu a posição do país como fornecedor confiável para a China.

Guerra comercial aumenta dependência da China, mas pode elevar inflação no segmento

Os altos custos referentes à soja norte-americana, por conta das tarifas, fazem com que a China intensifique sua dependência em relação à soja brasileira, avaliou Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. Segundo ele, isso solidifica o Brasil como líder no fornecimento global do grão e abre oportunidades para negociações mais favoráveis e expansão do mercado.

“O aumento da demanda tem incentivado investimentos em infraestrutura logística e tecnológica no setor agrícola brasileiro, melhorando a eficiência e a competitividade do país no mercado internacional”, pontuou Patzlaff.

Além disso, o aumento da demanda chinesa pode pressionar os preços da soja no Brasil, especialmente se a oferta não acompanhar o ritmo das exportações. Por outro lado, há mecanismos e estratégias que podem ser adotados para equilibrar o abastecimento interno e as exportações, com previsões de demanda mais precisas. Essa inflação na economia nacional é baseada na tese de que a exportação tende a crescer.

Até mesmo os EUA, segundo Bruno Cotrim, podem ter a inflação no setor como um ponto de atenção. “Vendo toda essa leitura no médio prazo, a nossa economia pode sofrer”, pontuou Cotrim.

“O governo pode implementar políticas que incentivem a reserva de parte da produção para o consumo interno, garantindo a estabilidade dos preço”, acrescentou Jeff Patzlaff.

Por fim, Patzlaff destacou que o Brasil também pode reduzir a dependência de um único comprador e equilibrar a oferta e a demanda internas.