Prévia do PIB

BC: desaceleração da economia é sinal de que juros estão funcionando

O diretor do BC, Nilton David, ressaltou ainda, que a inflação segue como um fator de preocupação para a autarquia

Diretor de política monetária do BC, Nilton David — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Diretor de política monetária do BC, Nilton David — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A atividade econômica brasileira tem demonstrado uma leve desaceleração recentemente, o que, na visão de Nilton David, o diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), é um sinal de que a política monetária está funcionando. 

O economista afirmou nesta quarta-feira (23) que a economia do Brasil tem caminhado para um “platô”. O diretor do BC ressaltou ainda, que, por outro lado, a inflação segue como um fator de preocupação para a autarquia, pois não deve recuar nos próximos meses

“A atividade econômica atingindo um platô ou desacelerando um pouco é um sinal de que a política monetária está funcionando. Estamos vendo isso… há sinais de que a política monetária está definitivamente funcionando”, disse David, segundo a CNN Brasil,

“(Mas) acredito que já foi dito antes, e eu já disse duas vezes, que não esperamos que a inflação caia nas próximas semanas ou meses”, prosseguiu.

Medida pelo IBC-Br, considerado a prévia do PIB (Produto Interno Bruto), a atividade econômica brasileira teve em fevereiro alta de 0,4%, em dado dessazonalizado, desacelerando em relação à alta de 0,9% registrada em janeiro.

Enquanto isso, a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), tem mostrado aceleração, pois subiu para 5,48% em março. A meta oficial do BC é de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Sendo assim, o diretor apontou que os demais membros do BC tem um consenso sobre de que o atual patamar da Selic (taxa básica de juros), a 14,25% ao ano, é de fato contracionista.

“Temos um super consenso de que estamos em território contracionista”, disse.

No entanto, ele também acrescentou que a instituição não pode fornecer uma orientação sobre os próximos movimentos da Selic, por conta do nível de incerteza no cenário internacional, em decorrência das tensões comerciais geradas pelas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.

“Para fazer um ‘guidance’, você precisa ter muita certeza de onde você quer estar e porque. Estamos longe disso, é muito pelo contrário”, afirmou o diretor do BC.

BC está ‘tateando’ ajuste da Selic para patamar restritivo suficiente

O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, declarou que a autarquia está migrando para um patamar de taxa de juros em que “tenha segurança de que está em um patamar restritivo” e que, no momento, o BC está “tateando” esse ajuste. Galípolo participou de audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal.

“O que o Banco Central está fazendo é migrando para um patamar em que ele tenha alguma segurança de que está num patamar restritivo, e a gente está tateando agora esse ajuste: se estamos num patamar restritivo suficiente, qual é o patamar restritivo suficiente ao longo desse ciclo de alta que ainda estamos fazendo”, disse ele, de acordo com o Valor.

Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 13,25% para 14,25% ao ano na última reunião. O colegiado também sinalizou a continuidade do ciclo de elevações, com uma nova alta de menor magnitude prevista para o próximo encontro, marcado para os dias 6 e 7 de maio.

Galípolo também voltou a comentar que, talvez, os mecanismos de transmissão da política monetária no Brasil não apresentem a mesma fluidez observada em outros países.

“O que acaba demandando doses mais elevadas do remédio para que consigam atingir o mesmo efeito. É óbvio que é desejável que a gente consiga normalizar a política monetária no Brasil para alcançar um nível de juros mais semelhante ao que vemos em nossos pares, mas de maneira que a potência da política monetária seja aumentada”, afirmou.