As estimativas para os preços do petróleo Brent para os próximos anos foram revisadas pelo Bradesco BBI, como um reflexo da crescente incerteza no mercado global em meio à guerra tarifária iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
As projeções para o petróleo em 2025 foram cortadas pelo banco, chegando a US$ 67. Já para os anos de 2026 e 2027, espera-se que o preço chegue a US$ 64 e US$ 65 por barril, respectivamente, ante previsões anteriores de US$ 76, US$ 73 e US$ 68 para os três anos em sequência.
Além disso, o Bradesco ajustou as estimativas trimestrais para 2025, projetando preços a US$ 76, US$ 66, US$ 64 e US$ 62. Nesta quinta-feira (24), o Brent era cotado a US$ 65.
Mesmo com a redução, o banco decidiu não rebaixar as recomendações de investimento, sob a justificativa de que as empresas que estão sob sua cobertura têm balanços sólidos e capacidade de adaptação a preços do Brent até US$ 50 por barril.
O banco segue com preferência pelos players brasileiros offshore de ciclo longo, com destaque para Petrobras (PETR4) e Prio (PRIO3).
Paralelamente, Bradesco BBI ainda apontou que as dúvidas quanto à força da demanda por petróleo em 2025 estão se intensificando por conta da instabilidade nas decisões comerciais. O consenso atual prevê um crescimento de apenas 1 milhão de barris por dia (bpd).
“Do lado da oferta, é difícil imaginar que projetos de ciclo longo no Brasil e na Guiana sejam adiados (pelo contrário, a Petrobras está buscando acelerar o primeiro petróleo de sua plataforma)”, disse.
Bradesco tem novas projeções para dólar e Selic em 2025
A projeção para o dólar e a Selic (taxa básica de juros) para 2025 foi revisada pelo Bradesco, que agora espera que a moeda estrangeira chegue ao fim do ano a R$ 5,80, ante os R$ 5,90 anteriores, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (17). A mesma projeção segue para o ano de 2026.
O Bradesco também tem expectativa de que a taxa de câmbio sofra com uma possível desaceleração do crescimento na China, que tenderia a causar uma depreciação da moeda brasileira, pois a demanda pelas exportações brasileiras seria menor.
Porém, os produtos exportados para a China, além da potencial substituição das importações dos EUA, são um pouco menos sensíveis aos ciclos econômicos, de acordo com o Bradesco.
“Ainda é importante mencionar que esperamos estímulos chineses para o consumo doméstico, o que tende a preservar as importações de alimentos. Ao longo dos anos, o petróleo e os alimentos se tornaram mais importantes do que o minério de ferro na pauta exportadora”, diz o relatório, segundo o Valor.
Paralelamente, a instituição financeira também projetou que o BC (Banco Central) deve seguir o plano de elevar a Selic em 0,5 ponto percentual na próxima reunião.
Para o Bradesco, a taxa de juros brasileira deve finalizar 2025 no patamar dos 14,25%, projeção menor do que a anterior, de 14,75%.
A redução seria por conta da desaceleração da economia prevista para o segundo semestre, que permitirá o início do corte da taxa ainda este ano, em dezembro, segundo o banco.
Em relação à 2026, Selic deve recuar para 11,75%, projeção também menor que a anterior, de 12,25%.