A entrada de capital estrangeiro por meio de joint ventures tem ganhado força no agronegócio e mais especificamente no setor de fruticultura brasileiro, nas culturas de uva, melão e manga. A estratégia tem alavancado a produção, impulsionado a geração de empregos e melhorado o acesso à tecnologia no campo.
No entanto, investidores ainda demonstram cautela diante da instabilidade jurídica e dos entraves burocráticos. O alerta foi feito por Eduardo Brandão, presidente da Abrafrutas, durante o Congresso Baiano de Direito e Agronegócio, realizado nesta quinta-feira (8), em Salvador.
“Hoje temos entre três e quatro joint ventures em funcionamento, trazendo investimentos que geram emprego e renda”, afirmou Brandão.
As parcerias têm funcionado como uma engrenagem importante para a modernização da cadeia produtiva, permitindo que empresas estrangeiras invistam diretamente na produção brasileira, em troca de acesso contínuo a frutas tropicais de alta qualidade.
Parceria estratégica: um modelo ganha-ganha
Segundo Brandão, o modelo oferece vantagens para ambos os lados. O investidor internacional garante fornecimento regular e produtos de qualidade; o produtor brasileiro recebe aporte financeiro, capacitação e tecnologia.
“Eles ganham com produção constante e a gente com capital para investir em tecnologia e melhorar a qualidade das frutas.”
Apesar das oportunidades, Brandão ressalta que o processo de instalação das joint ventures ainda é permeado por incertezas. A insegurança jurídica, conflitos fundiários e possíveis disputas trabalhistas são apontados como fatores que travam negociações e afastam parte do capital internacional.
“Às vezes o investidor pisa no freio por medo de ter sua terra invadida ou enfrentar burocracias que atrapalham a operação.”
Expansão internacional: nova fase com a China
Durante o congresso, Brandão também destacou os avanços recentes na abertura do mercado chinês para frutas brasileiras, como uva e melão — um movimento que pode ampliar a demanda e atrair ainda mais investidores externos.
A missão à China, que ele lidera nos próximos dias, pretende consolidar relações comerciais com distribuidores locais e discutir aspectos logísticos e de qualidade.
“Estamos levando produtores para conhecer o mercado chinês e discutir logística, embalagem, preço e qualidade.”
O processo de abertura levou anos de negociação e contou com o envolvimento de diversos órgãos públicos e privados, incluindo os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores.
Congresso discute segurança jurídica e financiamento
O Congresso Baiano de Direito e Agronegócio teve como tema central a relevância econômica do setor, os mecanismos de financiamento e o papel do mercado de capitais.
Além de Eduardo Brandão, participaram do evento nomes como Alessandra Zanotto (ABAPA), Bárbara Camardelli (Procuradora do Estado da Bahia) e Renato Buranello (IBDA).
No centro das discussões esteve a urgência de aprimorar o ambiente jurídico e regulatório, não só para destravar crédito rural, mas também para atrair novos investimentos — como os que vêm sendo feitos via joint ventures.