Estamos diante de uma ruptura. Não é uma onda de inovação, não é uma tendência, é uma reconfiguração completa de como se constrói, lidera e escala um negócio. Enquanto muitos ainda discutem se vale a pena “testar IA”, o mercado já passou para a fase de resultados. E a régua ficou mais alta. O Global AI Confessions Report mostra que 74% dos executivos sabem que, se não entregarem valor com IA até 2025, podem ser substituídos. E com razão: o tempo do discurso passou. O que o conselho quer — e o mercado exige — é impacto mensurável. Agora.
Não dá mais para liderar de fora. Em gigantes como Microsoft, Google e Amazon, a IA não é um projeto — é o eixo em torno do qual o negócio gira. Satya Nadella já afirmou que a IA vai redefinir cada categoria de software. Não é só tecnologia, é estratégia de crescimento, produto, cultura e execução.
Para muitas companhias, a inteligência artificial já deixou de ser apenas vitrine tecnológica: ela está integrada ao cotidiano, acelerando decisões, antecipando riscos, otimizando processos e liberando equipes de tarefas operacionais. A realidade é clara — enquanto alguns ainda avaliam se devem investir em IA, outros já estão colhendo resultados concretos e medindo o retorno sobre o investimento.
Liderar sem entender IA é negligência estratégica
Não é necessário virar engenheiro. Mas é inaceitável liderar sem repertório. O estudo aponta que 94% dos executivos acreditam que sistemas automatizados já conseguem aconselhar tão bem quanto membros humanos da diretoria. Se a tecnologia já é capaz de apoiar decisões de alto nível, o que sobra para quem continua resistindo a aprender o mínimo sobre ela? Andrew Ng definiu bem: “IA é a nova eletricidade”. Ou você aprende a operar com ela ou vai assistir sua empresa apagar, pouco a pouco, por falta de visão.
Não existe transformação com protagonismo terceirizado
Delegar o tema ao CTO e esperar relatórios é confortável, mas perigoso. Tecnologia que não é compreendida pela liderança vira custo, vira risco, vira marketing vazio. O estudo mostra que 35% dos projetos de IA são apenas cosméticos. E 94% dos executivos têm medo do uso desgovernado de ferramentas por suas equipes. O que isso diz? Que muitos líderes estão deixando a transformação escorrer pelas mãos.
A IA não vai salvar sua empresa. Ela só tem impacto real se houver uma liderança que a entenda, a traduza e a integre com propósito. Você não precisa dominar IA. Mas precisa decidir o que ela vai mudar.
O que diferencia os CEOs que vão prosperar dos que vão ser trocados é simples: quem encara a IA como oportunidade de protagonismo estratégico e quem encara como um incômodo técnico. Quem coloca IA como linha de frente e quem esconde no rodapé do planejamento.
No fim, a pergunta que eu deixo para você, leitor, é: você está liderando a transformação com coragem ou vai assistir sua empresa ser transformada sem o seu comando?
*Fernando Nery é CEO da Portão 3 (P3), plataforma de gestão de pagamentos usada por mais de 3.000 empresas na América Latina. Desde 2022, a empresa utiliza inteligência artificial para automação de processos financeiros e gestão de risco.