BPM Entrevista

Brasil será o maior produtor de alimentos do mundo, diz juiz

Em entrevista ao BPMoney, o produtor rural e Juiz do Tribunal de Justiça da Bahia, Argemiro Dutra, avaliou o cenário de negócios do agro no Brasil

Da esquerda para a direita: Henrique Arake e Argemiro Dutra / Foto: Luis Felipe / Instituto Washington Pimentel
Da esquerda para a direita: Henrique Arake e Argemiro Dutra / Foto: Luis Felipe / Instituto Washington Pimentel

As incertezas com o crescimento da economia mundial já rondavam as perspectivas do mercado e dos especialistas desde a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. Agora, quase 4 meses após sua posse, o cenário se agravou, mas para Argemiro Dutra, juiz do Tribunal de Justiça da Bahia e produtor rural, o Brasil deve despontar como o maior produtor de alimentos do mundo.

Em sua avaliação, tudo que é preciso é um preparo e fortalecimento no sentido jurídico e no arcabouço normativo do setor. Argemiro Dutra é formado em Direito pela Universidade Santa Úrsula, do Rio de Janeiro, especialista em Direito Administrativo e Direito Eleitoral, vendedor e gerente de vendas da Unibras em Fortaleza.

“O Brasil vai vender para os EUA, para a China, para todo mundo. Todo mundo precisa de alimentos. E nós seremos o maior produtor de alimentos do mundo. Já somos de carne, e por isso temos que estar preparados, fortalecer o judiciário, o arcabouço normativo, os operadores de direitos”, afirmou Dutra, em entrevista ao BPMoney durante o Congresso Baiano de Direito e Agronegócio, na sexta-feira (9).

Ainda nesse aspecto, o Brasil tem a China como um parceiro comercial histórico, por isso, no início do mês de abril, foi inaugurada, através do Grupo Parlamentar Brasil-China, uma nova rota comercial entre as nações, com o objetivo de fortalecer as estratégias de desenvolvimento comercial.

Com a nova rota, o Porto de Gaolan, localizado em Zhuhai, no sul da China, terá conexão marítima direta com os portos brasileiros de Santana (AP) e Salvador (BA). 

Essa abertura, segundo Dutra, vai impactar de forma “bem extraordinária” o agronegócio brasileiro e baiano. 

“O mercado asiático oferece um campo enorme, quase que ilimitado. Nós estamos falando de um país com dois bilhões de pessoas, um consumo de alimento extraordinário. Acredito que vai fomentar e representar um avanço muito grande nas exportações da Bahia”, reforçou.

Sobre a guerra comercial travada entre os EUA e a China, que entraram agora em um momento de negociações, o juiz acredita que se trata de “coisa de mercado”. “Já, já, os dois líderes vão sentar, vão conversar e o mundo vai seguir”, disse.

Brasil deve enfrentar crise no agronegócio sem grandes dificuldades, diz Dutra

Mesmo sendo o principal pilar da economia brasileira, para o agronegócio os financiamentos e investimentos são essenciais para avançar sobre pequenos entraves, como atraso de safras ou investimento em maquinários. No entanto, o quadro macroeconômico traz atualmente a maior taxa básica de juros em 20 anos, o que dificulta as negociações.

Porém, a perspectiva do juiz e produtor segue bastante positiva para o setor, afirmando que o momento de crise será superado logo. 

“Já tivemos centenas de crises, internacionais e nacionais. O agronegócio sempre resistiu e não vai ser dessa vez que vai vacilar. É lógico que estamos vivendo agora um momento de crise, desde o ano passado e o ano retrasado, mas estamos superando”, projetou.

Entre os fatores que aparecem no horizonte como um risco para o agronegócio brasileiro, Dutra afirmou que os produtores, e os cidadãos de forma geral, “precisam fortalecer a mentalidade” no crédito.

“As pessoas precisam saber que se você pegar um empréstimo, você tem que pagar, porque precisamos dar segurança aos investidores. O crédito é base de qualquer negócio que se impulsiona, então se não tivermos essa base de confiabilidade, de segurança jurídica, o crédito não aumenta. Acredito que essa é uma das janelas que fortalece e melhora a segurança jurídica e a confiança dos investidores.”, reforçou.