Diz imprensa japonesa

Nissan anuncia demissão em massa e 20 mil empregos serão cortados

Fusão frustrada com a Honda agrava crise histórica da Nissan

Foto: MAXSHOT.PL/Shutterstock
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A crise enfrentada pela Nissan Motor ganhou novos contornos nesta segunda-feira (12), com a informação de que a montadora japonesa irá eliminar 20 mil postos de trabalho — mais que o dobro do previsto inicialmente.

Segundo a emissora japonesa NHK, a medida é parte de um plano mais agressivo de reestruturação diante do agravamento dos resultados financeiros da companhia.

O novo número representa cerca de 15% da força de trabalho global da empresa e inclui cortes tanto no Japão quanto no exterior.

A Nissan havia anunciado em novembro a eliminação de 9 mil empregos após queda acentuada nas vendas nos EUA e na China, que resultaram em um colapso de 94% no lucro líquido no primeiro semestre fiscal.

A empresa, que evitou comentar ao ser procurada pelo Valor Econômico, enfrenta um cenário cada vez mais desafiador.

No mês passado, alertou seus acionistas que poderá registrar um prejuízo líquido de até US$ 5 bilhões com os custos da reestruturação no ano fiscal que termina em março de 2025.

Os sinais de deterioração já vinham se acumulando desde o fim de 2024, quando a Nissan anunciou não só os primeiros cortes de empregos, mas também uma redução de 20% em sua capacidade de produção.

Desde então, a montadora tem rebaixado suas projeções financeiras, pressionada por concorrência acirrada nos seus dois principais mercados, China e EUA.

Fusão com a Honda agrava crise histórica da Nissan

A Nissan segue mergulhada em um de seus piores momentos em mais de duas décadas, após o fracasso de uma tentativa de fusão com a Honda e diante de uma série de desafios financeiros e operacionais.

As duas montadoras chegaram a discutir, em dezembro, a criação de uma holding única — uma união que poderia ter formado um dos maiores grupos automotivos do mundo. No entanto, o projeto foi abandonado em fevereiro, após divergências sobre o equilíbrio de poder entre as marcas.

Apesar do colapso da negociação, Nissan e Honda mantêm uma parceria estratégica voltada ao desenvolvimento de veículos elétricos e baterias, o que preserva uma ponte para possíveis colaborações futuras.

Internamente, a Nissan continua a lidar com as consequências de sua instabilidade administrativa, iniciada em 2018 com a prisão e saída de seu ex-presidente Carlos Ghosn.

A empresa também enfrenta deficiências em seu portfólio, especialmente pela ausência de uma linha competitiva de veículos híbridos, o que a coloca em desvantagem em mercados-chave.

Além dos obstáculos operacionais, a pressão financeira cresce. A Nissan e suas afiliadas precisam enfrentar vencimentos de dívidas que somam US$ 1,6 bilhão em 2025, com previsão de alta para US$ 5,6 bilhões até 2026 — o maior volume desde 1996, segundo dados da Bloomberg.

O cenário fiscal deteriorado é agravado pelas tarifas impostas pelos EUA sobre veículos e autopeças importadas, medida que atingiu em cheio marcas globais como a Nissan.

O novo CEO, Ivan Espinosa, que assumiu em abril, enfrenta agora a missão de liderar uma virada estratégica. Ele deve trazer respostas ao mercado nesta terça-feira (13), quando a empresa divulgará seus resultados fiscais.

As expectativas se concentram em possíveis cortes de contratos e até fechamento de fábricas, especulações que têm ganhado força nos bastidores do setor automotivo.