
A Cosan (CSAN3) encerrou o primeiro trimestre de 2025 com prejuízo líquido de R$ 1,788 bilhão — resultado inferior ao registrado um ano antes, quando as perdas foram de R$ 192 milhões.
O desempenho negativo foi atribuído, principalmente, à menor contribuição das empresas investidas via equivalência patrimonial e, na comparação com o quarto trimestre de 2024, ao reconhecimento de impairment relacionado à participação na Vale (VALE3) e à provisão de tributos diferidos (IR e CSLL).
O Ebitda ajustado da companhia recuou 30,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando R$ 5 bilhões.
A métrica considera o desempenho integral das empresas do portfólio da Cosan — Rumo, Compass, Moove, Radar e Raízen —, ajustado por itens não recorrentes. Até o 4T24, também era incluído o resultado da participação na Vale via equivalência patrimonial.
A receita operacional líquida caiu 2% na base anual, totalizando R$ 9,663 bilhões. A posição de caixa da holding ao fim de março era de R$ 4,2 bilhões, praticamente estável em relação ao trimestre anterior.
Equivalência patrimonial negativa e desempenho fraco das investidas
A Cosan Corporativo registrou uma equivalência patrimonial negativa de R$ 766 milhões no trimestre, o que representa uma deterioração de R$ 1,3 bilhão em relação ao 1T24.
O resultado foi pressionado pelo desempenho mais fraco da Raízen, impactada pela queda nos volumes de venda de combustíveis e açúcar, perdas nas operações de trading e aumento das despesas financeiras em meio a juros elevados e maior dívida.
Outros fatores que pesaram foram a desvalorização na participação da Vale, a redução no volume transportado pela Rumo, e a queda de 10% nas vendas da Moove, que também enfrentou margens menores após o incêndio em sua planta no Rio de Janeiro.
Por outro lado, a Compass contribuiu positivamente, impulsionada pelo crescimento do volume distribuído e por um mix de vendas mais favorável, com maior peso dos segmentos residencial e comercial. A performance também foi reforçada por ganhos na otimização da logística de GNL e pelo aumento de vendas no mercado livre pela Edge.
Dívida recua com venda da Vale; alavancagem melhora
A dívida líquida consolidada caiu para R$ 17,5 bilhões no trimestre, uma redução de R$ 6 bilhões frente ao final de 2024. A melhora é explicada pela entrada de recursos da venda de ações da Vale e por medidas de gestão da dívida (liability management).
As vendas das ações também permitiram a redução do custo médio da dívida, que passou de CDI+1,40% para CDI+0,91%, além de estender o prazo médio de 6,1 para 6,4 anos.
O índice de cobertura do serviço da dívida (ICSD) subiu levemente para 1,2x, refletindo maior geração de caixa e menor desembolso com juros.
Já a alavancagem (dívida líquida/Ebitda) fechou o trimestre em 2,8x, recuo de 0,1 ponto frente ao trimestre anterior, beneficiada pela redução da dívida, apesar da queda no EBITDA acumulado em 12 meses.