
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta sexta-feira (23) com alta de 0,40% aos 137.824 pontos. O dólar comercial caiu 0,26%, a R$ 5,64.
Com o negativismo acentuado entre os investidores brasileiros, o Ibovespa chegou a perder mais de 1% no início desta sessão, devido às preocupações levantadas pelo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas a queda arrefeceu ao longo do dia.
O índice brasileiro finalizou esta semana com perdas de 0,98%, ao passo que o dólar acumulou baixa de 0,38%. O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com queda de 0,84%, a US$ 99,12.
No cenário interno, o governo decidiu ainda na quinta-feira (22), horas após o anúncio do aumento do IOF, revogar parte da medida, devido à repercussão negativa com o mercado.
Inicialmente, a pasta previa arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026, mas agora esses valores devem ser reavaliados. Entre os trechos revogados está a cobrança do IOF sobre remessas de fundos de investimento para o exterior.
O decreto previa uma alíquota única de 3,5% para essas operações, incluindo aquelas que atualmente são isentas desse imposto. O Ministério explicou que a revogação ocorreu após “diálogo e avaliação técnica”.
Apesar do recuou, os parlamentares da oposição ao Governo prometeram tentar derrubar a medida no Congresso Nacional, segundo o líder da oposição na Câmara, o deputado Luciano Zucco (PL-RS).
Ele protocolou um projeto de decreto legislativo para sustar o decreto do governo ainda na quinta-feira (22).
Enquanto isso, no exterior, as atenções se voltaram novamente à política tarifária de Donald Trump, ao passo que o presidente dos EUA propôs, através da Truth Media, aumentar as tarifas sobre os produtos da UE (União Europeia) para 50% — atualmente a cobrança é de 25%.
Segundo ele, o bloco europeu tem dificultado as negociações comerciais. Por isso, decidiu recomendar a nova tarifa, que pode entrar em vigor em 1º de junho, caso o governo adote a medida.
Ao recomendar a tarifa de 50%, o republicano tenta lançar mais pressão para que o bloco europeu aceite os termos mais favoráveis aos EUA.
Além disso, o presidente dos EUA afirmou nesta sexta-feira que a Apple será submetida a uma tarifa de 25% sobre os aparelhos vendidos no país que não forem fabricados em solo norte-americano.
“Há muito tempo, informei Tim Cook, da Apple, que espero que seus iPhones vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar”, publicou Trump em sua rede social Truth.
Com isso, a possibilidade de uma continuidade da guerra tarifária iniciada pelo republicano persegue o apetite ao risco dos investidores, incidindo no Ibovespa.
No radar corporativo, o destaque ficou por conta das intenções de novos negócios do empresário Nelson Tanure com a Braskem (BRKM5).
Conforme a coluna de Lauro Jardim, do O Globo, o empresário baiano fez uma oferta para comprar a Braskem (BRMK5) nesta sexta-feira (23). A companhia enfrenta um prejuízo financeiro e Tanure mostrou interesse em adquirir a totalidade da maior e mais endividada petroquímica da América Latina.
Após isso, as ações BRKM5 chegaram a subir mais de 10%, mas arrefeceram os ganhos logo depois.
Enquanto isso, no setor de commodities — de muita relevância para o Ibovespa — as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) não acompanharam a alta dos preços do petróleo. O índice também não teve grande ajuda da Vale (VALE3), que operou com oscilações durante o dia.
Além disso, a Raízen esteve entre as maiores altas da sessão, repercutindo a notícia de que está atraindo novos potenciais compradores para seus ativos na Argentina. O BTG Pactual estaria conduzindo a compra de uma refinaria da Raízen na Argentina, segundo o veículo, segundo o Estadão.
No momento, o caixa da Raízen tem sido pressionado pelo alto nível da dívida, sendo esse um dos principais problemas do Grupo Cosan,o que estaria motivando a estratégia de desinvestimento e venda de ativos da empresa conduzida pelo CEO Nelson Gomes, segundo o Seu Dinheiro.
A Braskem (BRKM5) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 9,15%. Logo atrás, Raízen (RAIZ4) subiu 7,00%. E Direcional (DIRR3) teve ganhos de 5,53%.
Já na ponta negativa, Azza 2154 (AZZA3) liderou as perdas, caindo 6,07%. Em seguida, Magalu (MGLU3) perdeu 4,96%. E Vamos (VAMO3) caiu 3,06%.
Altas e Baixas do Ibovespa
No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram 0,15% e 0,22%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 0,46%.
Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) caiu 0,13%. Gerdau (GGBR4) registrou baixa de 0,13%. Usiminas (USIM5) valorizou 1,72%.
No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com alta de 1,21% e baixa de 2,08%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com valorização 1,23% e 0,84%, em sequência.
Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 5,07%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 0,58%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 3,70%.
Índices do exterior fecharam em baixa
Os principais índices europeus tiveram desempenhos negativos nesta sexta-feira (23). O índice DAX, de Frankfurt, desvalorizou 1,54%, enquanto o CAC 40, de Paris, caiu 1,65%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,93%.
Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,67% e 1,00%, respectivamente. Já o Dow Jones recuou 0,61%.