Política monetária

Presidente da CNI rebate fala de Haddad sobre alta dos juros

Ricardo Alban diz que setor industrial não entende a necessidade do aumento na taxa de juros, como afirmou o ministro Fernando Haddad

Foto: Edu Mota, de Brasília
Foto: Edu Mota, de Brasília

Ao contrário do que disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a indústria não compreende a alta dos juros e foi surpreendida com o recente anúncio do governo sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A afirmação foi feita nesta terça-feira (27) pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, que rebateu a fala de Haddad.

“A indústria não compreende a alta dos juros. A indústria, pela qual a CNI fala por ela, não entende a alta dos juros. Esse não é o nosso pensamento”, disse Alban.

Em evento no Rio de Janeiro, nesta segunda (26), o ministro Fernando Haddad, ao ser questionado por jornalistas sobre a alta do IOF, disse que quando aumenta a taxa Selic, aumenta o custo de crédito, “e nem por isso os empresários deixam de compreender a necessidade da medida”.

Além de rebater a fala do ministro, o presidente da CNI reforçou que o pensamento da indústria é de que, se a política monetária precisa ser mais restritiva, existem várias outras ferramentas para o controle da inflação, não apenas a alta da taxa de juros, segundo eles, a mais imediatista.

“Os juros no Brasil têm resiliência pela história da Selic no Brasil, então nós temos os juros reais de mais de 8% só na Selic, e hoje já está beirando 10%, se nós acreditarmos que a inflação está no patamar de 5%. E se nós ainda levarmos em conta que o sistema financeiro no Brasil trabalha com spreads também foram da realidade internacional, imaginem o que isso representa”, afirmou Alban.

Medida anunciada por Haddad foi surpresa

Sobre o aumento do IOF, o presidente da Confederação Nacional da Indústria revelou sua preocupação com o anúncio feito pelo governo.

Alban disse a jornalistas que o setor industrial foi pego de surpresa e que não houve qualquer diálogo prévio com o setor privado sobre a medida.

Segundo o presidente da CNI, a falta de comunicação contrasta com a interlocução que normalmente existe entre o governo e os setores econômicos.

“Em muitos momentos isso [diálogo] não acontece, como o caso do IOF. Não aconteceu nenhum diálogo, fomos totalmente pegos de surpresa”, afirmou.

O presidente da CNI alertou ainda para os possíveis impactos negativos dessa medida na economia brasileira e na competitividade da indústria nacional.

Setor industrial alerta sobre danos

Ele argumentou que o aumento da carga tributária pode resultar em perda de competitividade para a indústria brasileira, levando à transferência de empregos para outros países e, consequentemente, à perda de arrecadação.

Ricardo Alban enfatiza que é preciso que se olhe com mais carinho para a indústria nacional, que, segundo ele, é essencial para o fortalecimento da economia brasileira e que deve liderar o crescimento sustentável do país.

“A indústria tem de voltar a ser protagonista para o Brasil seguir a passos largos rumo ao crescimento econômico e à melhora da qualidade de vida dos brasileiros, com geração de emprego e de renda”, concluiu Ricardo Alban.