
O CEO do Magazine Luiza (MGLU3), Frederico Trajano, disse que a proposta do governo que trata do (Imposto sobre Operações Financeiras) IOF, poderia impactar a inflação sobre a companhia em função das operações com risco sacado. Elevando a alíquota para até 3,95% ao ano.
Entretanto,Trajano lembra que o Executivo deve rever a proposta, após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, afirmar que tratará na reunião com a equipe econômica do governo alternativas à proposta do IOF.
“Poderia acontecer de fato um impacto inflacionário se a medida fosse implementada. Mas acreditamos que o governo entende tudo isso e provavelmente não vai levar a proposta para frente. Tenho essa visão com base em tudo que ouvimos no Esfera, como as falas do presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta”, disse o empresário.
O posicionamento do executivo sobre o impacto do IOF está alinhado às projeções de alguns analistas de mercado. Profissionais do JPMorgan (JPMC34), por exemplo, estimam que a companhia de Frederico Trajano poderá ser afetada por um repasse inflacionário dos fornecedores, em função das operações com risco sacado.
Para os analistas do JPMorgan, a empresa teria que escolher entre reduzir as margens ou repassar o aumento de preços para clientes.
Caso seguisse pela segunda alternativa, o Magalu poderia enfrentar uma queda nas receitas, pressionada pela alta de preços. Ao ser questionado sobre a preocupação da companhia com a medida, Frederico Trajano afirmou que a proposta não será implementada e, por isso, terá “impacto zero” sobre a varejista.
Mesmo com impacto do IOF, empresa pode retomar dividendos em 2026
Um dos temas abordados na entrevista foi a possível retomada do pagamento de dividendos aos investidores já em 2025. Em maio, a companhia distribuiu R$ 225 milhões em proventos.
Segundo a política de dividendos do Magazine Luiza, os acionistas têm direito a 15% do lucro líquido, após a constituição de uma reserva legal — uma espécie de fundo de emergência para contingências.
Questionado pelo E-Investidor sobre a possibilidade de novos pagamentos em 2026, o CEO afirmou que isso dependerá da capacidade de geração de lucro da companhia.
Segundo ele, o foco neste momento continua sendo entregar resultados consistentes aos investidores.
Durante a conversa, o executivo destacou ainda que o Magalu mantém os planos de gestão previamente estabelecidos para o restante de 2025.
A varejista da família Trajano deve continuar com foco na diversificação de receitas, e ainda lembra que a empresa está há três anos recuperando margens.
No ano passado, o aumento do lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e lucro da companhia foi de mais de 50%.
A margem Ebitda — indicador que mede a rentabilidade operacional da empresa — apresentou crescimento significativo, atingindo 8 pontos percentuais.
Segundo Frederico Trajano, o resultado reflete a capacidade da atual gestão de manter um balanço sólido, capaz de proteger a varejista diante do cenário de alta nas taxas de juros.
Com juros ainda elevados, Magalu aposta em recuperação no longo prazo
O empresário foi questionado se o resultado do primeiro trimestre de 2025 não mostra que a companhia está desacelerando coma queda de 54,3% no lucro líquido no período.
A varejista saiu de R$ 27,9 milhões em ganhos no primeiro trimestre de 2024 para um lucro de R$ 12,8 milhões entre janeiro e março de 2025.
Ele afirma que a desaceleração foi feita de “maneira consciente para manter o foco em aumento de margem operacional”. Com os juros em um patamar elevado, o segmento de bens duráveis é o que mais sofre com a taxa.
“Existe um componente macro significativo para justificar a desaceleração. Agora, estamos no topo do ciclo de juros e eles tendem a cair – pode não ser este ano, mas, quando acontecer, sem dúvida seremos um dos principais veículos de crescimento”, diz o CEO do Magazine Luiza (MGLU3).