Filial abriu seu capital em 2009

Santander pode dar adeus à bolsa? CEO não descarta saída

Em 16 anos a ação subiu apenas 35%; juros altos e uma bolsa ainda descontada são motivos.

Santander
Santander / Foto: Divulgação

O Santander Brasil (SANB11), quinto maior banco do país, pode ser o próximo a tirar suas ações da bolsa brasileira. A filial do espanhol abriu seu capital em 2009, captando cerca de R$14,1 bilhões. 

Neste tempo, a ação subiu 35%, enquanto o Itaú (ITUB4) valorizou 193% no mesmo período.

Quais os motivos do fechamento do capital?

O Santander Brasil negocia suas ações a um preço abaixo dos múltiplos da holding na Espanha, além disso a instituição negocia apenas 10% das ações em circulação no mercado (free float), equivalente à cerca de R$11,2 bilhões – valor considerável viável, dada a geração atual de caixa do grupo. 

Além disso, o controlador obteria um lucro maior por ação já que a Santander Espanha negocia os ativos a valores mais acessíveis.

Em conversa com analistas, o CEO do banco, Mário Leão, foi questionado sobre o tema e respondeu que “não se surpreenderia caso o grupo optasse por fechar o capital”.

A Genial Investimentos levantou um possível argumento que envolve o cenário político atual: “Há expectativa de valorização das ações brasileiras, o que poderia motivar uma movimentação antecipada do controlador para evitar uma deterioração na relação de troca com minoritários”, afirma o relatório. 

Não seria atípico para a instituição

O Santander já fechou o capital de sua filial no México em 2023.

No Brasil, em 2014, propôs uma troca de ações aos minoritários, com um prêmio de cerca de 20% sobre o valor de mercado.

Na época, porém, a instituição afirmou que não tinha intenção de sair da bolsa brasileira, mas sim melhorar a avaliação das suas ações.

Mais recentemente, em maio de 2022, o grupo realizou uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para comprar e deslistar a Getnet, sua operação de adquirência.

De olho nas Américas

Enquanto isso, a CEO global, Ana Botín, tem reiterado o foco na expansão nas Américas, especialmente nos EUA.

Com alta rentabilidade e excesso de capital, o grupo hoje possui mais liberdade para gerir suas subsidiárias sem depender de aumento de capital via mercado, prática muito comum no passado.

Exemplo disso foi a venda de 49% do Santander Bank Polska e 50% da gestora Santander TFI ao Erste Group Bank (Áustria) por US$7,91 bilhões, baixando sua participação no Santander Polônia para 13%.

“Dado que a operação deixou de ser controlada, não surpreenderia uma venda completa dessa unidade. Com isso, Brasil e Chile permaneceriam como as únicas subsidiárias listada, além da holding na Espanha”, diz a Genial.

Banco apresenta uma robustez em caixa

Ainda segundo a corretora, o grupo mantém uma posição de capital robusta, com CET1 projetado em 13% até o fim de 2025, o que aumenta sua capacidade de fazer movimentos estratégicos relevantes.

CET1 (Common Equity Tier 1): principal indicador de solvência dos bancos. Mede o percentual de capital de alta qualidade em relação aos ativos ponderados pelo risco.

Noutro giro, o relatório pondera que o grupo historicamente realiza recompras ou fechamento de capital quando os ativos estão descontados por fraqueza operacional.

“Dado que o Santander Brasil vem apresentando bons resultados recentemente, esse tipo de movimento pareceria menos provável no curto prazo”, finaliza.

No ano, a ação SANB11 sob 26%.