O ex-presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, quebrou o silêncio após a autarquia elevar os juros em 0,25 ponto percentual na noite da última quarta-feira (18). A Selic, agora em 15% ao ano, é a maior taxa dos últimos 20 anos.
“Eu poderia falar: ‘Viu? Me criticaram tanto e agora a taxa está maior’. Mas minha honestidade intelectual não me deixa embarcar nessa. Eu teria feito a mesma coisa”, afirmou Campos Neto ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1. Ele pontuou que a medida era necessária.
“Acho que o ganho de credibilidade frente ao custo monetário era claramente favorável a este último ajuste, dada a necessidade de reverter as expectativas desancoradas”, acrescentou, segundo o Money Times.
Durante seu mandato, iniciado em 2019 e encerrado no início de 2025, Campos Neto elevou a Selic de 2% para 13,75%, em um dos maiores ciclos de alta dos juros da história recente do Brasil.
O BC precisou reduzir a taxa de juros, no auge da pandemia de Covid-19, para logo em seguida trazê-la a um patamar restritivo, diante das pressões inflacionárias.
Após a eleição de 2022, Campos Neto virou alvo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o acusava de “falar demais” e criticava os juros elevados.
Em maio, o ex-presidente do BC foi contratado pelo Nubank (ROXO34) para assumir um cargo na sua estrutura de liderança como vice-chairman.
Juros e o Banco Central
Juros altos devem persistir
O aumento da Selic para 15% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) veio acompanhado de um sinal forte ao mercado: os juros devem permanecer altos por mais tempo. A avaliação é do UBS BB, que destacou a inclusão da palavra “muito” no comunicado do BC como um recado direto para conter apostas em cortes no curto prazo.
“Quando o Comitê fala em manter os juros por um período muito prolongado, está deixando claro que não quer ver cortes precificados ainda em 2025”, escreveu a equipe do UBS em relatório recente.