
Caiu a quantidade de pessoas que consideram importante ter um emprego com carteira assinada, mesmo que com um salário menor, e aumentou o número de brasileiros que não veem problema em exercer um trabalho informal, desde que tenham melhor remuneração.
Ao mesmo tempo, vem crescendo substancialmente o percentual da população que prefere trabalhar por conta própria, principalmente entre os mais jovens.
Esses são alguns dos resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, e que foi divulgada na noite desta sexta-feira (20).
O levantamento apontou, por exemplo, que, desde 2022, cresceu de 21% para 31% o número de pessoas que consideram mais importante ganhar mais do que ser registrado.
Já os que valorizam ter um emprego com carteira assinada, mesmo recebendo salário menor, caíram de 77% para 67% nesse intervalo de tempo.
Datafolha mostra menos pessoas desejando CLT
O Datafolha também revelou que 59% das pessoas entrevistadas prefeririam trabalhar por conta própria, ante 39% que se sentem melhor trabalhando sob contrato com uma empresa.
A preferência por trabalhar por conta própria aparece em todas as faixas etárias e é maior entre os mais jovens.
Entre a faixa etária de 16 a 24 anos, 68% acham melhor ser autônomo, contra 29% que preferem o emprego. Entre os 60+, as fatias são de 50% e 45%, respectivamente.
São mais propensos a escolher o trabalho por conta própria aqueles que declaram simpatia pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro: 66% deles preferem ser autônomos, contra 33% que veem mais vantagem na contratação.
Entre os que declaram simpatia pelo PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as porcentagens são 55% e 43%, respectivamente.
A pesquisa Datafolha revelou ainda que as mulheres consideram mais importante trabalhar com carteira, com 71% do total, contra 62% dos homens.
Ao mesmo tempo, os mais velhos também priorizam mais o vínculo formal, com 68% e 79% dos brasileiros considerando essa opção mais importante nas faixas etárias entre 45 e 59 anos e acima de 60 anos, respectivamente.
Apego à carteira muda de acordo com renda
A sondagem mostrou ainda que, quanto menor a renda, maior a importância dada à carteira de trabalho assinada pelas pessoas entrevistas.
Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, o percentual dos que julgam o vínculo formal mais importante é de 72%, contra apenas 56% daqueles que ganham mais de 10 salários mínimos.
As diferenças aparecem também nos recortes por escolaridade: aqueles com ensino fundamental são os que mais consideram um emprego CLT mais importante (75%), contra 66% do ensino médio e 59% dos trabalhadores com ensino superior.
Quando o recorte é por ocupação, os aposentados (80%) e os funcionários públicos (72%) são os que são mais favoráveis à ocupação formal. Por religião, 71% dos católicos são mais favoráveis ao emprego CLT, contra 64% dos evangélicos.
No caso dos eleitores do PT, 73% acreditam que o melhor é ter um vínculo formal. O percentual se reduz a 54% no caso dos eleitores do PL.
Outra constatação da pesquisa diz respeito ao interesse pela CLT dependendo do sentimento em relação ao Brasil. Entre os otimistas com o país, o percentual dos que consideram a CLT mais importante foi de 72%, para 70% dos hesitantes e 62% dos pessimistas.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 10 e 11 de junho e ouviu 2.004 pessoas em 136 municípios brasileiros.