O fechamento do Estreito de Ormuz, aprovado pelo Parlamento do Irã, ameaça disparar o preço do petróleo e impactar o abastecimento energético mundial.
Embora a medida ainda precise da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Ali Khamenei, o mercado já reage com forte tensão.
Estreito de Ormuz concentra fluxo essencial do petróleo global
O Estreito de Ormuz, localizado entre Irã e Omã, concentra cerca de 30% do transporte marítimo de petróleo no mundo.
Segundo a consultoria Vortexa, mais de 20 milhões de barris passam diariamente pela rota.
Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque exportam grande parte de sua produção por esse corredor, principalmente para a Ásia.
Além disso, o Catar envia quase todo seu gás natural liquefeito pelo mesmo trajeto, o que aumenta a importância estratégica do estreito para o setor energético.
Irã reage após ataque dos EUA
Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenar ataques a três instalações nucleares no Irã, o Parlamento iraniano respondeu com a aprovação do fechamento do estreito.
A ofensiva norte-americana contou com apoio de Israel e elevou drasticamente as tensões no Oriente Médio.
Embora o Irã já tenha ameaçado o bloqueio em outras ocasiões, desta vez o processo legislativo avançou.
Em 2019, por exemplo, Teerã cogitou a medida após os EUA deixarem o acordo nuclear. No entanto, o país recuou diante das consequências econômicas.
Preço do petróleo dispara com risco de bloqueio do Estreito de Ormuz
Desde o início do conflito, o petróleo Brent subiu de US$ 69,36 para US$ 78,74, uma alta de 13,5%. O WTI também avançou 10,9%, segundo dados do mercado internacional.
Esse salto, portanto, representa um dos maiores movimentos intradiários desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022.
De acordo com o JPMorgan, se o estreito for efetivamente fechado, o barril pode alcançar até US$ 130, dependendo do grau de retaliação adotado por outros países da região.
EUA intensificam vigilância militar na região
Os Estados Unidos mantêm a 5ª Frota da Marinha no Bahrein para garantir a segurança da navegação no Estreito de Ormuz.
Com a escalada das tensões, o Pentágono reforçou a presença militar e orientou os petroleiros a redobrarem a cautela.
Diversas agências marítimas já emitiram alertas para evitar travessias noturnas ou desacompanhadas.
Além disso, o aumento do risco geopolítico pressiona ainda mais os preços da energia e eleva a volatilidade nos mercados.
Exportadores buscam alternativas, mas dependência persiste
Apesar dos esforços para diversificar rotas, os países do Golfo ainda dependem do Estreito de Ormuz.
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, por exemplo, utilizam oleodutos como alternativa.
No entanto, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, a capacidade atual desses dutos gira em torno de 2,6 milhões de barris por dia — número insuficiente para substituir os volumes que passam pelo estreito.
Por esse motivo, o bloqueio total ou parcial da via marítima pode provocar uma crise energética de grandes proporções.
Além disso, o impacto tende a atingir setores estratégicos da economia global, como transporte, logística e aviação.