Alerta vermelho

Tratado nuclear: ONU alerta para risco após ataques dos EUA ao Irã

Tratado nuclear corre risco após ataques dos EUA ao Irã. AIEA convoca reunião e ONU discute cessar-fogo para evitar colapso diplomático.

Foto: David 'Dee' Delgado/REUTERS

O tratado nuclear, que sustenta a segurança global há mais de 50 anos, entrou em uma fase crítica. 

Durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU neste domingo (22), Rafael Grossi, diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), alertou para o risco iminente de colapso. 

Os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã, realizados no sábado à noite, intensificaram a instabilidade no Oriente Médio e ameaçam os pilares do acordo de não proliferação.

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Segundo Grossi, o tratado nuclear impediu que armas atômicas se espalhassem pelo mundo por mais de meio século. 

O Irã, que assinou o acordo, alega que seu programa nuclear serve apenas para geração de energia. 

No entanto, após os bombardeios, o país afirmou que não retomará as negociações enquanto estiver sob ataque.

Além disso, Grossi frisou que qualquer novo acordo precisa de inspeções no local. De acordo com ele, apenas inspetores da AIEA conseguem verificar se o programa iraniano continua pacífico. Para isso, é essencial interromper as ofensivas imediatamente.

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Em resposta à escalada, Grossi convocou uma reunião especial do conselho de governadores da AIEA, marcada para segunda-feira (23), em Viena. 

O encontro, conforme afirmou, deve tratar exclusivamente da instabilidade na região e da retomada diplomática.

Além disso, Grossi destacou que ainda existe espaço para negociações. No entanto, ele deixou claro que o Irã deve permitir o acesso dos inspetores e colaborar com a comunidade internacional. Sem isso, o tratado nuclear corre sério risco de ruptura.

Conselho de Segurança da ONU discute cessar-fogo imediato

Enquanto isso, o Conselho de Segurança da ONU debate uma resolução de cessar-fogo. Rússia, China e Paquistão circularam um rascunho que pede o fim imediato dos ataques.

No entanto, a aprovação exige pelo menos nove votos favoráveis e nenhum veto dos cinco membros permanentes.

Durante a reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou a gravidade da situação.

Segundo ele, os bombardeios dos EUA representam “uma reviravolta perigosa” e podem desencadear uma série de retaliações. Por isso, ele pediu ação rápida e coordenada da comunidade internacional.

Irã denuncia agressão; Israel elogia ação americana

O Irã exigiu que o Conselho de Segurança condene os ataques. A diplomacia iraniana classificou a ofensiva como “flagrante, ilegal e injustificável”. 

Por outro lado, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, afirmou que Estados Unidos e Israel agiram para proteger o mundo.

Danon disse que ainda é cedo para medir os efeitos dos ataques. Quando questionado sobre um possível apoio a uma mudança de regime no Irã, respondeu: “Essa é uma decisão exclusiva do povo iraniano”.