No vermelho

Times "SAF" acumulam prejuízo de R$ 1,4 bi líquido em três anos

Levantamento da Sports Value considerou os maiores 11 times brasileiros que se tornaram SAF.

Cuiabá foi o único que não terminou 2024 no vermelho (Foto: reprodução/Pexels)
Cuiabá foi o único que não terminou 2024 no vermelho (Foto: reprodução/Pexels)

Um levantamento feito pela Sports Value com os 11 maiores times brasileiros que viraram SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ou Limitada (Ltda) revelou que a maior parte deles ainda não saiu do vermelho. O prejuízo líquido somado em 2024 é de cerca de R$ 1,04 bilhões, tirando o Botafogo, que ainda não entregou os resultados do ano passado.

O prejuízo documentado em 2023 foi de R$ 141 milhões, sete vezes menos do que o acumulado de 2024. “Deveria ter alguma regulação das SAFs porque hoje os clubes estão com dívidas enormes e com despesas financeiras pesadas e isso não se sustenta”, declarou Amir Somoggi, sócio da Sports Value, ao Pipeline.

De todos os clubes que já reportaram os números, apenas o Cuiabá teve lucro líquido. O lanterna da série A teve R$ 64,8 milhões em lucro líquido, aumento de 73% em comparação com 2023. O faturamento do clube foi de R$ 218,8 milhões, avanço de 33%. Mais da metade do montante veio da venda de direitos econômicos de jogadores, disse o Pipeline.

O que teve o pior desempenho em 2024 foi o Atlético Mineiro, com R$ 299,4 milhões em prejuízo. Apesar do rombo, o Galo alcançou a maior receita bruta da história, R$ 674 milhões, um crescimento de 46% em comparação com 2023. A perda líquida, de R$ 122 milhões em 2023, foi agravada pelas despesas financeiras provenientes de dívidas da Arena MRV e gastos com a folha salarial.

Em um ano, a dívida do Atlético Mineiro subiu de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,4 bilhão, pressionada pelos juros da dívida bancária (R$ 507 milhões). O endividamento da Arena MRV diminuiu: em 2024 eram totalizados R$ 446 milhões e, em 2023, era R$ 527 milhões

O time com a pior deterioração de balanço em um ano foi o Coritiba. O lucro líquido de R$ 34,7 milhões foi aniquilado pelo prejuízo de R$ 139,4 milhões. Esse é o primeiro resultado negativo do time desde 2021, apesar do crescimento da receita em 30% (R$ 91,7 milhões). O time se tornou uma SAF após entrar com um processo de Recuperação Judicial, mas outros times, como o Vasco, já eram SAF quando deram entrada no processo.

Bahia SAF vê prejuízo saltar e fecha 2024 com déficit de R$ 246 milhões

Bahia ampliou o prejuízo em 2024 — o primeiro cheio como SAF — e fechou o ano com um déficit de R$ 246,5 milhões, segundo balanço financeiro obtido pela ESPN. O resultado representa um salto expressivo em relação a 2023, quando o clube já havia registrado perdas de R$ 66 milhões.

Sob gestão do Grupo City, o Bahia aumentou significativamente seus investimentos, especialmente em folha salarial e contratações de atletas. O custo com salários, incluindo encargos, chegou a R$ 293,7 milhões — 70% a mais do que os R$ 172,5 milhões gastos no ano anterior.

A folha salarial do Bahia superou a do Cruzeiro, que foi de R$ 200 milhões. O valor também se aproximou do gasto do Palmeiras, que desembolsou cerca de R$ 391 milhões.