O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP) atribuiu à antiga gestão do BC (Banco Central), liderada por Campos Neto, a taxa de juros em 15%. Essa e outras declarações foram feitas numa entrevista à rede Record, transmitida na terça-feira (24).
Haddad disse que o aumento da taxa Selic em 0,25 ponto percentual, anunciado na quarta-feira passada (18), já havia sido definido em dezembro de 2024. “Na última reunião do Copom [em 2024], de dezembro, foi estabelecido que ia ter um aumento forte”, afirmou o ministro da Fazenda. À época, o Banco Central anunciou a Selic em 12,25%, sinalizando um ciclo de altas que poderia chegar a 14,25% nas primeiras reuniões de 2025 e possibilidade de novos aumentos em seguida.
O ministro também enfatizou que mudanças muito repentinas na política monetária são perigosas. “Não dá para fazer cavalo de pau em política monetária, se não perde credibilidade, perde o manche da economia. Tem que ter muita cautela” disse Fernando Haddad. O ministro também mencionou a pressão inflacionária causada pelo preço dos alimentos no início desse ano para justificar os juros ainda mais altos, disse a Veja Negócios.
Sobre Gabriel Galípolo, atual presidente do BC, Fernando Haddad ressaltou que o início de seu mandato ainda “carrega memória anterior” e negou qualquer insatisfação com a atuação de Galípolo.
“Nenhum aumento de gasto é bem-vindo”
Ainda na entrevista dada à rede Record, Fernando Haddad disse que o governo federal pretende “congelar” as discussões sobre a elevação de despesas públicas e afirmou que, neste momento, “nenhum aumento de gasto é bem-vindo”.
O ministro da Fazenda disse que “aumento de gasto público é quando tem necessidade de fazer, em que se faz necessário. Estamos num momento que vamos congelar o debate sobre aumento de gastos, até encontrar o caminho da sustentabilidade dos gastos. Neste momento, nenhum aumento de gasto é bem-vindo, a não ser os imprescindíveis”.
Ainda neste mês, o governo editou uma MP (Medida Provisória) com propostas de medidas para cumprir a meta fiscal de déficit zero, alternativas ao aumento do IOF (Imposto sobre Operação Financeira).
Com a medida provisória, o governo está focando em medidas arrecadatórias, contudo, parte do mercado continua criticando a falta de ajustes do lado das despesas e demonstra desconfiança com relação ao compromisso do governo com as metas fiscais, disse o Investing.com.
“O objetivo do governo, com todas as medidas que estamos tomando, é um só: nós temos que equilibrar as contas públicas, onerando quem não paga imposto e desonerando quem paga imposto”, disse Fernando Haddad. “Se eu estou aumentando a carga tributária de quem não paga nada e é rico, eu não estou aumentando a carga tributária”, completou.
Com relação ao projeto de reforma do IR (Imposto de Renda), Haddad afirmou que, no momento, Arthur Lira (PP-AL), está explorando outras formas de compensação. Além disso, o ministro garantiu que todas as possibilidades miram o “andar de cima”.
“[Lira] tem a liberdade de pedir informações para a Receita e está buscando outras fontes, o que é muito legítimo da parte dele. Ele tem que explorar todas as possibilidades”, disse. “[Mas] todas impactam o ’andar de cima’. Mesmo as que estão sendo exploradas, impactam sempre o ’andar de cima’”, completou.
A proposta do IR versa sobre ampliar a faixa de isenção para quem ganha mais de R$ 5000 por mês e estabelecer uma alíquota mínima de 10% para os mais ricos.