As recentes mudanças nas políticas comerciais dos EUA aumentaram as vulnerabilidades já existentes na América Latina, ao mesmo tempo em que criam oportunidades para determinados setores e emissores da região. A avaliação foi divulgada nesta quarta-feira (25) pela Moody’s.
Segundo a agência de classificação de risco, o agronegócio é um dos setores que devem se beneficiar da guerra tarifária entre EUA e China. “As tarifas dos EUA criam novas oportunidades para o agronegócio latino-americano, especialmente com o aumento da demanda chinesa por carne bovina, suína e de aves”, informou o relatório, de acordo com o InfoMoney.
No setor de mineração e siderurgia, a Moody’s observa que as empresas da América Latina enfrentam riscos elevados em meio às alterações no comércio e no crescimento econômico global.
“O minério de ferro e o carvão metalúrgico, usados na produção de aço, são particularmente vulneráveis, dada a forte dependência da demanda chinesa. As tarifas aumentam o risco de queda na demanda por metais básicos, como o cobre, pressionando os preços globais”, afirmou a agência.
De acordo com o relatório, especialmente no Brasil, o redirecionamento dos fluxos comerciais pode elevar as importações de aço, intensificando a pressão sobre os preços domésticos e afetando a rentabilidade de empresas como CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), ao passo que a Gerdau (GGBR4) se beneficia de sua produção nos EUA.
Impactos setoriais e estratégias de empresas
Em relação aos setores de produtos químicos, papel e celulose, a Moody’s aponta que os fabricantes latino-americanos enfrentam um cenário de excesso de oferta, agravado pela expansão da capacidade produtiva da China.
“Os spreads petroquímicos permanecem fracos, com nova oferta de polietileno e polipropileno da China e dos EUA”, diz a agência. “No setor de papel e celulose, Brasil e Chile estão expostos à volatilidade dos preços da matéria-prima. A China, que representa 40% da demanda global de celulose de fibra curta, continua sendo o principal destino das exportações latino-americanas. Empresas brasileiras como Suzano e Eldorado Brasil Celulose mantêm vantagem competitiva com custos de produção inferiores aos de concorrentes globais.”