Guerra comercial reascende

Canadá quer cobrar US$3bi de imposto de big techs dos EUA

Trump decide encerrar negociação comercial em retaliação ao novo imposto sobre serviços digitais de big techs dos EUA cobrado pelo Canadá.

Canadá/Foto: CanvaPro
Canadá/Foto: CanvaPro

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que os EUA estavam encerrando negociações comerciais com seu vizinho, o Canadá. A decisão é uma retaliação ao novo imposto sobre serviços digitais para empresas de tecnologia dos EUA cobrado pelo Canadá e retroativo a 2022, estimado em US$3 bilhões.

Em postagem na plataforma Truth Social, Donald Trump comenta que “o Canadá, um país muito difícil de se negociar… acaba de anunciar que está aplicando um imposto sobre serviços digitais às nossas empresas de tecnologias americanas, o que é um ataque direto e flagrante ao nosso país.”

O presidente americano ainda acrescentou “Com base neste imposto flagrante, estamos encerrando TODAS as discussões sobre comércio com o Canadá, com efeito imediato”, avisando que estabeleceria uma nova tarifa sobre as importações canadenses “dentro no período de sete dias”.

A iniciativa reabre uma guerra comercial entre os vizinhos após meses de distensão. O Canadá é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, depois do outro vizinho, o México, com fluxo de comércio bilateral de US$807 bilhões.

Big Techs atingidas

No anúncio surpresa, Trump acusou o Canadá de “copiar a União Europeia” ao cobrar imposto sobre serviços digitais das big techs dos EUA. Empresas de tecnologia pressionam o governo Trump e os legisladores há meses, temendo que outras nações sigam o exemplo do Canadá e da UE.

Executivos do setor alegam que os impostos sobre receitas obtidas em outros países podem reduzir o montante de dinheiro que o setor de tecnologias pode investir nos EUA.

Amazon, Google, Meta, Airbnb e Uber estão entre as big techs americanas mais afetadas pelo imposto canadense.

A oposição aos impostos digitais foi o pilar decisivo que levaram os CEOs das grandes empresas de tecnologia a apoiar o segundo mandato de Trump. O presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, e o CEO do Google, Sundar Pichai, estavam entre o grupo que compareceu à sua posse e cujas empresas investiram milhões de dólares no fundo inaugural.

Relação inflamada entre Canadá e EUA

A decisão de Trump é o golpe mais recente em uma relação já tensa entre os vizinhos. Os dois países negociavam um novo acordo comercial há meses. Logo após tomar posse, Trump afirmou que os EUA deveriam “anexar” o Canadá para melhorar as relações comerciais e a segurança.

Mark Carney, recém-eleito primeiro-ministro canadense, que venceu a eleição apostando na resistência aos EUA, repete a todo instante que “o Canadá não está à venda”.