Por placar apertado

Senado dos EUA aprova projeto fiscal de Trump

Após votação apertada, por 51 a 49, parlamentares decidem abrir o debate sobre megaprojeto do líder americano

Trump
Donald Trump / Foto: GPO/ Fotos Públicas

O Senado dos EUA, formado, em sua maioria, por republicanos, avançou por uma margem pequena de votos com o amplo projeto de corte de impostos e aumento de gastos do presidente Donald Trump. A votação aconteceu durante uma sessão extraordinária marcada por drama político, divisões e longos atrasos, enquanto os democratas tentavam retardar a tramitação da proposta.

Os parlamentares votaram por 51 a 49 para abrir o debate sobre o megaprojeto de 940 páginas, com dois republicanos se juntando aos democratas na oposição à proposta, que financiaria as principais prioridades de Trump em imigração fronteira, cortes de impostos e defesa. Trump comemorou nas redes sociais a “grande vitória” por seu “grande, belo e maravilhoso projeto”.

Após horas de atraso, período em que líderes republicanos e o vice-presidente JD Vance negociaram a portas fechadas para convencer os últimos indecisos, os democratas exigiram que o projeto fosse lido em voz alta no plenário, o que pode adiar o início do debate até a tarde de domingo.

Os democratas afirmam que os cortes de cortes de impostos propostos beneficiariam desproporcionalmente os mais ricos, em detrimento dos programas sociais voltados às camadas de baixa renda.

Após a leitura, os senadores iniciarão até 20 horas de debate sobre a proposta. Parlamentares esperam concluir os trabalhos na segunda-feira.

Os senadores republicanos Thom Tillis e Rand Paul votaram contra a abertura do debate, o que chegou a colocar a votação em risco. O presidente americano criticou Tillis, que se opôs aos cortes no programa de saúde Medicaid, alegando que seriam devastadores em seu estado natal, a Carolina do Norte.

Paul se opôs ao projeto por elevar o teto da dívida federal – atualmente em US$36,2 trilhões – em mais de US$5 trilhões.

Atraso na votação

A votação de sábado ficou suspensa por horas, enquanto Vance, o líder da maioria no Senado, John Thune e outros republicanos tentavam convencer os indecisos.

Os senadores linha-dura, Rick Scott, Mike Lee e Cynthia Lummis, que exigiam cortes mais profundos nos gastos públicos, acabaram apoiando o projeto do presidente.

O megaprojeto renovaria os cortes de impostos de 2017, vista como principal conquista legislativa de Trump em seu primeiro mandato, cortaria outros tributos e aumentaria os gastos com defesa e segurança na fronteira.

O Comitê Conjunto de Tributação, apartidário, previu que as disposições fiscais do projeto reduziriam a arrecadação federal em US$4,5 trilhões na próxima década, aumentando a dívida pública. A Casa Branca, no entanto, afirma que a proposta reduziria o déficit anual em US41,4 trilhão.

O homem mais rico do mundo, Elon Musk, criticou o projeto, que eliminaria incentivos fiscais para veículos elétricos produzidos por sua empresa, a Tesla, reascendendo uma rixa iniciada no começo do mês com o presidente americano.

“O último rascunho do Senado destruirá milhões de empregos na América e causará imenso dano estratégico ao nosso país!”, escreveu Musk na rede X.

Mudanças no Medicaid

Republicanos de estados com populações rurais expressaram oposição à redução de receita estadual para prestadores de serviços do Medicaid. A nova versão do projeto adia essa redução e destina US$25 bilhões para apoiar essas instituições entre 2028 e 2032.

Os republicanos estão usando um mecanismo legislativo que permite contornar o limite de 60 votos exigido para a maioria das propostas no Senado, que tem 100 membros.

Os democratas devem concentrar suas emendas em tentar reverter os cortes em programas que oferecem assistência médica pública para idosos, pobres e pessoas com deficiência, além de alimentação para famílias de baixa renda.

O projeto também aumentaria o teto da dívida do Tesouro em trilhões de dólares para evitar um calote imenso nos próximos meses. Caso aprovado no Senado, o projeto retornará à Câmara dos Deputados para votação final antes de Trump poder sancioná-lo. A Câmara aprovou sua versão da proposta no mês passado.