Marcas migram para a Europa

'Blusinhas' em baixa: Temu e Shein perdem espaço nos EUA

Com tarifaço de Trump, o acesso as plataformas chinesas caem drasticamente no segundo trimestre de 2025. Companhias migram para a Europa.

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Foto: Shein/Divulgação

As tarifas impostas por Donald Trump para os produtos importados da China parecem estar surtindo efeito – pelo menos quando o assunto é consumo pessoal.

Isso porque as gigantes do segmento, como Temu e Shein, começaram a registrar quedas nos acessos provenientes dos EUA, país que liderava o consumo nessas plataformas e foi responsável pelo seu rápido crescimento.

Segundo a empresa de inteligência de mercado Sensor Tower, os usuários mensais do Temu despencaram 51% entre março e junho deste ano nos EUA, atingindo 40,2 milhões. Na Shein, no entanto, a queda foi menor, de 12%, levando os consumidores também à casa dos 41 milhões no mês.

Temu e Shein encontraram “brechas”

Até o mês passado, essas companhias conseguiam enquadrar seus produtos e entregas em algumas brechas tributárias, já que compras de valores pequenos e pacotes enviados diretamente às casas dos consumidores eram isentos pelo governo e pela receita.

Essas facilidades auxiliaram na “corrida pelo ouro” dessas companhias, que miravam alto. A Shein, por exemplo, tentou abrir seu capital na bolsa de valores de Nova York ou Londres – sem sucesso. Agora, a empresa prevê alguma movimentação em Hong Kong, segundo a agência de notícias Reuters. Até o momento, não há nenhuma confirmação oficial.

Trump corta isenções

Essa maré de sorte mudou. Em 2 de maio, o presidente norte-americano eliminou a isenção de mercadorias de baixo valor no país, conhecida como “de minimis” para pacotes provenientes da China e Hong Kong. Segundo ele, esses envios são “um grande esquema contra o nosso país”.

Agora, Trump substituiu a isenção, que dava permissão para a entrada de pacotes com valores inferiores à US$800 sem cobrança de impostos, por uma tarifa de 30% para esses mesmos envios. Inicialmente, esse valor foi imposto em 90%, mas foi amenizado em uma tentativa de reduzir as tensões entre os dois países.

A mudança tributária fez com que as companhias passassem a priorizar vendedores americanos, que não sofrem com os mesmos custos. Essa também foi a tática adotada pela Amazon no fim do ano passado – seu inimigo, porém, eram exatamente as empresas chinesas e não os impostos.

Queda nos investimentos em propaganda

Apesar das novas regras, as quedas nos acessos dos marketplaces pode estar além do tarifaço de Trump. Segundo a Sensor Tower, nos últimos três meses, os investimentos em publicidade da Temu recuaram 87% enquanto o valor gasto pela Shein caiu 69% em comparação com o mesmo período no ano anterior.

Em 2024, as duas plataformas estavam entre os 10º e 11º maiores anunciantes digitais dos EUA. Com a redução nos investimentos, elas ficaram de fora do top 60.

Com as tensões nos EUA, as companhias migraram seu foco ao velho continente. Apenas no último mês, o número de usuários no aplicativo da Temu aumentou 76%, 71% na Espanha e 64% na Alemanha. Na Shein, os acessos cresceram cerca de 15% no Reino Unido, França e Alemanha.

Esse crescimento, porém, pode estar ameaçado, caso a União Europeia decida impor taxas sobre esses produtos, proposta que está tramitando no bloco.